Jan Niklas/Agência Globo
A Caracal, empresa que produz o fuzil e a pistola dadas de presente a Jair Bolsonaro pelos Emirados Árabes, tenta abrir uma fábrica de armas no Brasil desde 2017. Em 2021, o filho do ex-presidente e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) chegou a publicar em suas redes sociais um vídeo fazendo propaganda para a marca de armamentos.
“A empresa (Caracal) tem interesse de fabricar no Brasil, gerando emprego, concorrência e oferecendo um material de qualidade. Sabemos das dificuldades, seria interessante uma lei brasileira mais ágil para este tipo de fábrica em território nacional”, postou Eduardo junto a um vídeo com a logomarca da fabricante em que ele aparece atirando com alguns modelos de armas de fogo.
De olho no mercado brasileiro, a indústria dos Emirados Árabes Unidos chegou a assinar em 2017 um acordo para abrir uma fábrica em Goiás. Na ocasião, o CEO da empresa, Hamad Salem Al Ameri, assinou um protocolo de intenções com o então governador goiano, Marconi Perillo (PSDB), que fez uma viagem oficial ao país árabe.
Segundo publicou o jornal Valor Econômico em 2018, a empresa planejava investir até US$ 130 milhões para produzir pistolas, visando o mercado brasileiro e de da América do Sul. Porém, o negócio não prosperou.
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro entregou à Polícia Federal nesta sexta-feira as armas que recebeu de presente de autoridades árabes. As armas foram entregues pelo advogado do presidente, Paulo Cunha, que chegou acompanhado do subtenente do Exército Osmar Crivelatti. O militar carregava uma bolsa com o fuzil.
As armas que Bolsonaro recebeu de presente não são vendidas no Brasil. Nos Estados Unidos, o fuzil CAR 816 é vendido por US$1,9 mil (cerca de R$10,1 mil). Já a pistola é encontrada por até US$799 ( cerca de R$4,2 mil).
Na semana passada, o plenário do Tribunal de Contas da União (TCU), tinha dado prazo de cinco dias para que as armas fossem devolvidas à Secretaria Geral da Presidência da República. Mas na quarta-feira, a Corte reformulou o entendimento e decidiu que elas fossem entregues à PF.
A empresa brasileira Delfire Arms (DFA), que iria fabricar as armas da Caracal em Goiás, acabou fechando outro acordo com a marca eslovena Arex para a fabricação de armamentos.