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China volta a comprar carne bovina do Brasil às vésperas da viagem de Lula

A pesquisa realizada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em parceria com o Ipespe, mostra que 52% da população declara aprovar o Governo. FOTO: Ricardo Stuckert-PR
A pesquisa realizada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em parceria com o Ipespe, mostra que 52% da população declara aprovar o Governo. FOTO: Ricardo Stuckert-PR

Thiago Resende e Mônica Bergamo/Folhapress

Às vésperas da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à China, o país asiático decidiu nesta quinta-feira (23) retomar a compra de carne bovina brasileira. A informação foi confirmada por membros do governo Lula e pela embaixada da China no Brasil.

No fim de fevereiro, foram suspensas temporariamente as exportações de carne bovina para a China após a confirmação de um caso de mal da vaca louca em um animal em Marabá (PA).

A suspensão ocorreu devido a um protocolo de 2015 assinado pelos dois países que estabelece um autoembargo nas vendas à China quando uma nova ocorrência de vaca louca encefalopatia espogiforme bovina é identificada no Brasil.

Integrantes do Ministério da Agricultura e Pecuária embarcaram para a China no começo da semana numa comitiva junto com empresários do setor.

Antes da viagem, os técnicos da pasta já haviam fornecido todas as informações relevantes sobre o caso à China, mas a retomada das exportações ainda dependia de decisão do parceiro asiático.

Uma análise de técnicos do Ministério da Agricultura concluiu, no início de março, que o caso de Marabá foi “atípico ocorrido por causas naturais em um único animal de nove anos de idade e com todas as providências sanitárias adotadas prontamente.

Nesta quinta, a embaixada da China divulgou que “após a avaliação da Administração Geral das Alfândegas da China, é decidido que a China retomará a importação de carne bovina brasileira desossada com menos de 30 meses de idade a partir de 23 de março de 2023”.

A comitiva para a China tem cerca de cem empresários convidados pelo Ministério da Agricultura sendo que 43 são do setor de carnes, como Joesley e Wesley Batista, executivos da J&F, controladora da JBS.

Os custos de viagem e hospedagem serão pagos pelos empresários, segundo o Ministério da Agricultura. A viagem presidencial à China será entre 26 a 31 de março.

O Brasil produziu 26 milhões de toneladas de carnes bovina, suína e de frango no ano passado, 4% a mais do que em 2021. A participação do mercado externo na produção brasileira vem aumentando. No ano passado, 28% das carnes “in natura” foram para o mercado externo, acima dos 27% de 2021.

Os dados de produção são do peso das carcaças obtidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística); os de exportação, da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Além do fim do embargo às exportações de carne bovina brasileira, membros do governo esperam que, durante a visita de Lula, a China autorize mais frigoríficos brasileiros a exportarem para o país.

Desde 2019, o gigante asiático não concede novas certificações para que empresas brasileiras possam exportar carnes bovinas, suínas e de frango.

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC irão se juntar ao presidente Lula em sua viagem à China. Além deles, estão confirmadas entidades sindicais como a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a Força Sindical.

O movimento sem-terra será representado por João Pedro Stedile, dirigente e um dos fundadores do MST. Os presidentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges Júnior, da Força Sindical, Miguel Torres, e da CUT, Sérgio Nobre, também estão confirmados.

A missão rumo ao país asiático é considerada estratégica para o Brasil. Por isso, afirmam integrantes do governo, a ideia é compor uma delegação robusta, que contemple do agronegócio à agricultura, e da indústria aos sindicatos.

Lula embarca para a China nesta sexta-feira (24). Na próxima terça-feira (28), o presidente terá uma série de reuniões políticas bilaterais com os chineses. Na quarta-feira (29), haverá agenda com a participação dos cerca de 200 empresários que vão ao país. O presidente retornará ao Brasil na quinta (30).