Diego Monteiro
“Quanto mais barato melhor”. Essa é a definição da compra perfeita do João Batista, 70, principalmente quando precisa levar o feijão e o arroz para casa. No entanto, a combinação está pesando no bolso do consumidor, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese/PA), que registrou alta média de 40% no preço dos dois alimentos nos últimos 12 meses no estado.
Segundo a entidade, os reajustes, nos dois casos, não foram uniformes, entretanto foram frequentes e, na maioria das vezes, bem acima da inflação calculada para o mesmo período. Para chegar a essa conclusão, o Dieese/PA analisou, semanalmente, o comportamento do quilo do feijão e do arroz nas maiores e mais procuradas redes de supermercados de Belém.
O feijão, em fevereiro do ano passado era vendido a R$ 6,81 o quilo, sendo que 12 meses depois passou para R$ 9,62, ou seja, um aumento de 41,26%. Já no caso do arroz, chegou a ser cobrado R$ 4,88 nas gôndolas e encerrou o mês passado sendo comercializado a R$ 5,63, uma alta de pouco mais de 15%.
“Esses produtos são considerados básicos na mesa dos brasileiros, mas que ficaram caros por diversos motivos, entre eles a sazonalidade e a entressafra, ambos afetaram a produção. Ainda houve uma diminuição na área plantada, não só de arroz, como a de feijão, que vem perdendo cada vez mais espaço para a plantação de soja, por exemplo”, enfatizou o supervisor técnico do Dieese/PA, Everson Costa.
“Os custos continuam subindo e é provável que o mês de março apresenta novos aumentos no valor do arroz e do feijão, impactando diretamente o custo total da cesta básica. Mas esperamos que até o final do primeiro quadrimestre esses produtos fiquem mais estáveis”, completou o representante do Dieese/PA.
ESTRATÉGIA
O custo da cesta básica voltou a ficar mais alto no mês passado, impulsionado principalmente por produtos como o feijão e o arroz. No mês passado, alcançou o valor de R$ 662,98, comprometendo cerca de 55% do salário mínimo do trabalhador, que hoje está em R$ 1.302, sobrando apenas R$ 639 para outras despesas.
No supermercado, entre um corredor e outro, o João fica atento aos menores preços antes de pensar em colocar o produto no carrinho. “Há pouco tempo eu conseguia comprar bem mais coisas do que hoje. Para conseguir comprar tudo, mudei o comportamento e agora levo apenas feijão e arroz de marcas inferiores por serem mais baratas”, disse.
O motorista ressaltou ainda que tem optado pela compra em grande quantidade, no atacado, para obter mais descontos, pois essa alternativa ajuda a equilibrar o caixa no final do mês.
“Eu só venho no supermercado quando é para comprar para outras pessoas. Tirando isso, tenho preferido adquirir nos pequenos comerciantes ou no meio a meio, pois dessa forma sinto que o meu dinheiro tem rendido mais. Infelizmente a tendência do brasileiro é essa, principalmente das pessoas mais humilde. Se não, será cada vez mais difícil o feijão e o arroz no prato”, afirmou.
Já Rodrigo Rocha, 39, tem propriedade para falar sobre o assunto, já que trabalha como pesquisador de preço. “Todos os dias eu visito vários estabelecimentos e posso afirmar que os valores subiram bastante. Quando registrei baixa nos produtos, foram poucas, e não compensaram com os aumentos seguintes. Para economizar tem que fazer que nem eu, pesquisar bastante”, orientou.