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INSS: consignado pode ficar um pouco abaixo de 2%, diz Rui Costa

O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, se queixou do crédito rotativo a aposentados

FOTO: José Cruz/Agência Brasil
O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, se queixou do crédito rotativo a aposentados FOTO: José Cruz/Agência Brasil

Manoel Ventura, Geralda Doca e Renan Monteiro/Agência Globo

 

Ainda em busca de uma saída para retomar o crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que o teto da taxa de juros deve ficar abaixo de 2% ao mês. A taxa estava em 2,14%, mas o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) reduziu o limite para 1,7%. Os bancos públicos e privados, alegando que o percentual não cobria os custos, suspendeu a linha que é a mais barata do mercado.

Nesta terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Lula defendeu juros mais baixos, mas afirmou que o ministro da Previdência, Carlos Lupi, deveria ter conversado com a equipe econômica antes de promover a redução do teto. Em Brasília, o Ministério da Fazenda assumiu as negociações pelo governo, após conversas entre o secretário-executivo da pasta, Gabriel Galípolo, e o presidente da Febraban, Isaac Sidney. “Era preciso ter feito um acerto para anunciar uma medida que envolvesse a Fazenda, Planejamento, bancos públicos e privados. A tese é boa, vamos ver como baixar os juros de verdade”, disse Lula em entrevista ao canal TV 247.

O presidente disse que Lupi chegou a levar o tema a ele, quando expôs o alto endividamento dos aposentados. “O Lupi estava comigo e com o Rui Costa. Ele falou que estava difícil os aposentados pagarem as dívidas, porque eles aumentaram o endividamento dos aposentados em 45% [limite do comprometimento da renda]. Ou seja, um cidadão que ganha R$ 1 mil não pode pagar uma dívida de 45%. Então, era preciso baixar os juros, mas baixar pouca coisa”, disse o presidente.

Segundo Rui Costa, a taxa de 1,7% definida pelo CNPS ficou abaixo da rentabilidade dos bancos, e isso levou à suspensão da concessão desse tipo de crédito. “Todos nós vamos buscar, ouvindo o mercado, um número que seja inferior a 2,14%, que era o que os bancos estavam praticando, e será maior do que 1,7%. Porque o próprio Banco do Brasil e a Caixa dizem que essa taxa não é rentável”, disse à Globonews.

Perguntado se a taxa poderia ficar em 2%, ele respondeu: “Um pouco menos”.

O ministro da Casa Civil afirmou também que quer discutir com os bancos o crédito rotativo no cartão, que tem taxas acima de 400% ao ano. O ministro disse que muitos idosos são levados a assinar empréstimos: “Isso está prejudicando muito os aposentados, comprometendo a sobrevivência das pessoas”.

Ele questionou o vazamento ilegal de dados e o assédio de bancos e financeiras sobre os segurados: “É preciso que o governo adote medidas protetivas e regulatórias. Existe, muitas vezes, informação privilegiada. A pessoa se aposenta de manhã e de tarde está recebendo ligação”. A Fazenda foi autorizada por Lula a centralizar as negociações. Ao deixar a reunião com Galípolo, Isaac Sidney demonstrou otimismo para chegar a um acordo: “A negociação continua e, até sexta-feira, nós temos a expectativa de fechar o patamar”.