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Luizão “Dom King”, ícone da cena musical do Pará, morre aos 69 anos

Músico, técnico de som, produtor, Luiz Guilherme Costa marcou seu nome na cena musical paraense. Foto: Divulgação
Músico, técnico de som, produtor, Luiz Guilherme Costa marcou seu nome na cena musical paraense. Foto: Divulgação

Aline Rodrigues

O radialista, produtor cultural e programador musical Luiz Guilherme Costa, faleceu na madrugada do último sábado, 11, vítima de infarto, aos 69 anos. Conhecido no meio musical como Luizão, o “Dom King”, nos anos 1970 ele foi percussionista da famosa banda de Guilherme Coutinho. Depois ficou conhecido como agitador cultural e operador de som do Theatro da Paz, e tornou-se um importante nome nos bastidores da cena musical paraense.

“Brilhou na função, conquistando artistas renomados que vinham participar do Projeto Pixinguinha [nos anos 1980]. Posteriormente, empresariou Nilson Chaves, produziu o auge da banda Fruta Quente, que chegou a excursionar com ele pelos Estados Unidos e Portugal. Radialista da Funtelpa, era amante do jazz e dos ritmos latinos, dispondo de programas memoráveis, os quais redigia e apresentava”, disse o radialista e amigo Edgar Augusto, que fez questão de destacar o talento do produtor.

“Um homem de talento, sensibilidade e que era leal com seus muitos amigos. Na área cultural da cidade, uma perda enorme. Para amigos como eu, trouxe um vazio também imenso. Que seja feliz para onde tiver rumado”, completou Edgar Augusto.

O radialista Beto Fares, produtor executivo da Rádio Cultura, mesmo antes de conhecer Luizão pessoalmente, já ouvia falar dele como músico e pelo trabalho que desenvolvia como técnico do Theatro Da Paz.

“Só o conheci pessoalmente em 1987, quando fui trabalhar na rádio Cultura. Já no primeiro dia, entra na sala de programação musical um cara grandão, estrondoso e de piadas ácidas, apreciador de música bem elaborada, principalmente as instrumentais”, relembrou. “Sempre tinha alguma coisa para dizer, fizemos perna como programador musical até o dia que ele largou tudo e foi trabalhar como empresário de shows”, contou Beto, para em seguida pinçar dois momentos importantes dessa empreitada empresarial do produtor.

“Ele foi trabalhar com o grupo Fruta Quente, um grande êxito musical paraense que deu certo know-how internacional para as produções. O outro momento foi trabalhar com o cantor e compositor Nilson Chaves, um artista bem relacionado no mercado nacional, que deu articulação para contratos importantes. Boca Livre, André Geraissatti, Vitor Ramil… Não precisava ser um campeão de audiência, tinha um certo princípio para ser contratado pela produtora que ficou conhecida como Pomar, uma parceria que nasceu com o também programador musical Marcelo Ferreira”, destaca Beto Fares.

Apesar da empresa Pomar – “Por” de “Porcão”, como Luizão era apelidado pelos amigos, e “Mar” de Marcelo -, foi atuando sozinho que o produtor conseguiu sucesso nas suas empreitadas.

“Mas foi com trabalho individual que conquistou fama e muitas histórias foram escritas e contadas dentro de um universo ácido e bem humorado que fica como marca do Luizão, o ‘Dom King’ da música local”, contou Beto.

A jornalista Linda Ribeiro lembrou, nas redes sociais, dessa importância de Luizão como produtor, trazendo muitos shows que movimentaram a cena musical paraense.

“Luizão era daqueles seres estrondosos que não passam despercebidos. Parecia ter um trovão no pulmão, homem grande, de sonhos do mesmo tamanho. Foi produtor importante para a cultura da cidade, por meio dele assisti aos shows que, se não fossem por suas produções, certamente, não seria possível. Vitor Ramil, Boca Livre, João Donato, Ney Lisboa e tantos outros passaram por aqui, trazidos pelas mãos do ‘Dom King’”, postou a jornalista.

O apelido de “Dom King paraense” fazia referência ao norte-americano que foi produtor musical do grupo Jackson Five e empresário do ex-pugilista Mike Tyson.

Linda lembrou ainda, na sua postagem que, na Rádio Cultura, foram muitas as produções em que Luizão esteve à frente, mas um especial, o programa “Alma Latina”, talvez fosse o preferido. “Luizão se foi, deixando um espanto tão grande quanto o seu vozeirão grave. E nós ainda estamos nesse estado de espanto, lembrando de seu humor ácido, das histórias mirabolantes, dos bastidores dos shows, e das boas gargalhadas que demos juntos. Siga para a luz, Dom King”, dizia a postagem de Linda.

O cantor Nilson Chaves lembrou da parceria com Luizão e lamentou a partida do amigo e antigo empresário.

“Luizão foi meu empresário um bom tempo, logo no começo da minha história. Meu e do Vital Lima. E daí nasceu uma grande amizade. Uma das coisas mais importantes da relação que tem a ver com o Luizão é a fidelidade, o carinho, o respeito, o amor, entusiasmo de fazer o que ele fazia, que ele gostava de fazer. Um irmão, muito especial”, falou Nilson

A jornalista Márcia Freitas também se manifestou sobre a partida do programador musical. “Triste com a partida do Luizão, o nosso ‘Dom King’. Não foram poucos os shows de grandes artistas, tanto de fora como de Belém, que assisti graças à Pomar. Figura ímpar no cenário cultural, grande contador de histórias e excelente papo musical. Que os deuses da música te recebam Big Pig. Bom descanso”, pontuou a jornalista.

Luizão Costa era diabético e cardíaco, e precisava fazer cateterismo com urgência, pois estava com apenas 40% da função cardíaca. Mas não conseguiu fazer o procedimento a tempo.

“Estava fazendo vários exames. Na sexta à noite, estava muito debilitado, não queria se alimentar e também não falava nada com nada. Foi quando chamamos o 192 e ele foi levado para a UPA da Sacramenta e ficou na sala vermelha (mini UTI) para ser monitorado. Mas não resistiu”, relatou Lillian Costa, prima do programador.

O corpo do programador musical foi velado na Capela Nossa Senhora de Fátima, no bairro da Cremação, e sepultado ontem, no Cemitério de Santa Izabel.