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Dia da Mulher: informalidade ainda é uma realidade presente

Vera Lúcia vende café da manhã para ajudar nas contas de casa. Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.
Vera Lúcia vende café da manhã para ajudar nas contas de casa. Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Pryscila Soares

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano passado, apontam que o número de trabalhadores informais alcançou 39,3 milhões de pessoas, no segundo trimestre de 2022, sendo um recorde histórico no país.

Vera Lúcia da Silva, 60 anos, acorda bem cedo todos os dias para exercer a sua atividade na Praça Brasil, no bairro do Umarizal, que já dura 31 anos. Ela foi a primeira trabalhadora informal da área, começou vendendo água de coco, ao lado do esposo, e depois passou a comercializar café da manhã. Ao longo desse tempo, Vera fez muitos amigos, clientes próximos e garantiu o sustento de sua casa.

Pela necessidade, ela continua com a atividade, mas hoje não pode mais contar com a ajuda do esposo, que sofreu um acidente no local e ficou impossibilitado de trabalhar.

“Tudo o que eu tenho construí aqui. Paguei uma boa universidade para minha filha, que é enfermeira. Me sinto orgulhosa de ver, porque ela faz o que gosta, né!? Muitos têm oportunidades e não sabem aproveitar. A gente que vive na rua não tem direitos. Mas tudo o que consegui aqui foi com a graça de Deus. Hoje já me sinto cansada”, contou.

Nas ruas do centro comercial de Belém tem de tudo, desde ambulantes que comercializam produtos variados a serviços, incluindo de beleza. É nesta área que a designer de sobrancelhas Regina Célia França, 60, atua na calçada da Rua Santo Antônio há 5 anos. A moradora do município de Ananindeua, foi para a informalidade para ter um tempo maior com os filhos, quando eles nasceram. Ela já vendeu produtos voltados para a saúde e hoje, com os filhos criados, ela sonha ter um salão de beleza.

“Estava com dívidas e foi daqui que tirei dinheiro para pagar as dívidas, despesas e fazer novos cursos. A gente nunca deixa de estudar. Pretendo fazer um curso de micropigmentação. Gosto de trabalhar aqui, de trabalhar com o povão. Eu amo deixar uma cliente satisfeita, contente. Moro com meu esposo, meus filhos já têm a vida deles. Ajudo nas despesas da casa. Dinheiro ajuda, mas aqui uno o útil ao agradável”, declarou.