Alice Cravo/Agência Globo
A Controladoria-Geral da União (CGU) vai apurar a entrada de joias no país que teriam sido trazidas ilegalmente pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Um dos pacotes, que foi retido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos, continha um conjunto de joias e relógio avaliados em R$ 16,5 milhões, que seria para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
A CGU afirmou que decidiu instaurar uma Investigação Preliminar Sumária (IPS) para “coletar elementos para análise dos fatos” em razão das “autoridades supostamente envolvidas no caso, da possível participação de servidores públicos de mais de um órgão federal e, por consequência, da complexidade da apuração”.
De acordo com o Estado de S. Paulo, o governo de Jair Bolsonaro tentou entrar no país ilegalmente com o conjunto contendo um colar, anel, relógio e um par de brincos de diamante. O episódio envolveu várias tentativas subsequentes de liberar os itens da alfândega no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, onde o material acabou apreendido por não ter sido devidamente declarado.
As joias estavam na mochila de um militar, assessor do então ministro Bento Albuquerque, e ambos voltavam de uma viagem pelo Oriente Médio. Ao saber que as peças haviam sido apreendidas, Albuquerque retornou à área da alfândega e tentou, ele próprio, retirar os itens, informando que se trataria de um presente pessoal para Michelle.
No domingo, o jornal Folha de S.Paulo revelou que um recibo oficial mostra que um dos supostos presentes enviados pelo governo da Arábia Saudita foi entregue à presidência da República em novembro do ano passado.
Os itens estavam na bagagem de um dos integrantes da comitiva brasileira ao país e não foi retido pela Receita. Não há estimativa ou avaliação públicas desse segundo lote de joias. O pacote continha um relógio, caneta, abotoaduras, anel e um tipo de rosário, todos da marca suíça Chopard, e era supostamente destinado a Bolsonaro.
Segundo o ex-ministro Bento Albuquerque, que estava na comitiva oficial, mais de um pacote foi entregue pelo governo saudita em ocasião da missão brasileira ao país em outubro de 2021. Documentos corroboram a declaração do ex-ministro.
Os itens foram entregues ao Palácio do Planalto em 29 de novembro de 2022 pelo assessor especial do Ministério de Minas e Energia Antônio Carlos Ramos de Barros Mello. Eles estavam na guarda pasta, de acordo com a versão de Mello.