Pryscila Soares
O período da Páscoa é muito aguardado não apenas pelos amantes de chocolate, mas, principalmente, por um público específico, que muitas vezes trabalha virando noites para faturar uma boa renda extra nesta época: os confeiteiros. Para esses profissionais, a Páscoa representa o “Natal” devido ser a campanha de maior faturamento do ano, acompanhada por um ritmo intenso de trabalho.
A produção de ovos de chocolate e outros produtos bastante procurados neste período como bolos, doces e barras de chocolate demanda empenho dos profissionais e um trabalho em equipe, que envolve desde as pessoas que trabalham na produção até os entregadores. Por isso, há confeiteiros que abrem oportunidades de trabalho temporário e quem tem interesse nas vagas deve atentar para isto.
Foi com a venda de ovos da Páscoa que a confeiteira e proprietária da confeitaria Quero Bolo, Raíssa Gouveia, 23 anos, decidiu mudar os planos traçados para a vida profissional para empreender no ramo. Em 2017, ainda muito jovem, ao iniciar a faculdade de licenciatura em Matemática na Universidade Federal do Pará, Raíssa começou a vender brigadeiros para obter uma renda e custear as suas despesas durante os estudos.
Aos poucos, ela foi conquistando clientes e aprendeu a fazer todos os tipos de doces assistindo vídeos no YouTube. Autodidata e sem nunca ter feito um curso, ela resolveu apostar na Páscoa pela primeira vez em 2018. Com poucos recursos, ela mesma produziu as caixas para vender os primeiros ovos. Em 2019, Raíssa seguiu com a ideia e vendeu cerca de 200 ovos.
OPORTUNIDADE
“Em 2020, em meio à pandemia, foi quando de fato comecei a viver da Quero Bolo e montei o meu ateliê no Guamá. Comprei 500 caixas e consegui vender 500 ovos. Foi uma surpresa. Levantei um capital bem legal e montei a loja. Esse ano estamos, também, com um curso de Páscoa porque é uma oportunidade para as pessoas. E para quem quer viver da confeitaria, começar nesse ramo é mais prático, são só recheios, não tem toda a parte burocrática dos bolos. O crescimento da Páscoa é exponencial com o decorrer dos anos”, declarou.
Há dois meses, a empresária inaugurou uma loja física no bairro da Pedreira. Ano passado, Raíssa comercializou mais de 800 ovos e, este ano, a meta é dobrar o número de vendas. O planejamento iniciou com bastante antecedência. Ferrero rocher, kit-kat, ninho com nutella e pistache estarão no cardápio.
“A expectativa é vender 1.500 ovos. Vamos lançar o cardápio dia 15. A gente se programa com, pelo menos, quatro meses de antecedência. Comprei, por exemplo, mil caixas ano passado. Faço estoque de barras de chocolate, chocolates mais nobres e todos os insumos que vamos precisar”, disse. “Vamos ter ovos a partir de R$ 30 até R$ 110 (chocolate nobre, com casca cravejada), com chocolates bons e acabamento impecável”, frisou.
NEGÓCIO LUCRATIVO
Quem também se prepara todos os anos para investir e faturar no período da Páscoa é a empreendedora e confeiteira Andréa Barros, 27 anos. Proprietária da doceria No Potinho, ela pretende aumentar o lucro com a abertura da loja física, no bairro do Telégrafo, o que vai possibilitar a venda de ovos a pronta entrega. No cardápio, além dos ovos já conhecidos pela clientela, uma das apostas de Andréa serão os kits temáticos infantis e o ovo salgado para quem não é fã de chocolate.
“Como engravidei, em 2017, parei de trabalhar e comecei a fazer bolo no pote. Fui me interessando, nunca fiz curso nenhum, porque com a internet tem vários vídeos e vamos aprendendo. Na minha primeira Páscoa já vendi bastante e era sozinha. Ano passado a minha Páscoa foi uma loucura. Vendemos uns 400 ovos e tinham 10 pessoas me ajudando. É um período muito lucrativo”, garantiu.
A confeiteira espera vender pelo menos 100 ovos a mais na campanha deste ano. “Em fevereiro a gente já está organizando tudo, caixas, colheres, barras de chocolate, sempre mantendo a qualidade. Se deixar para cima da hora, a gente acaba se enrolando. Defino os sabores, posto as fotos e o cliente faz o pedido. Sempre dou a opção para o cliente montar o ovo. Os infantis são um sucesso. Este ano vai ter tik-tok, Wandinha, que está em alta. Duas semanas antes, meu Whatsapp fica congestionado”, informou Andréa, que vai lançar o cardápio neste início de mês, com ovos entre R$ 50 a R$ 95.
SAUDÁVEL
Com a proposta de oferecer alimentos saborosos e, ao mesmo tempo, inclusivos e saudáveis, a doceria Doce do Bem tem ganhado popularidade no ramo, em Belém, como uma opção para pessoas que buscam alimentos sem glúten, lactose e sem adição de açúcar. E para adoçar o paladar dos clientes nesta Páscoa, a sócia-proprietária e nutricionista Letícia Resque, 27, elaborou um cardápio de ovos de chocolate recheados com releituras das tortas produzidas pelo estabelecimento e já conhecidas pela clientela.
“Na pandemia, em 2020, vendemos 300 ovos. E foi algo incrível, porque as pessoas estavam realmente sedentas por doce. O nosso delivery cresceu bastante, assim como as encomendas. Este ano, pensamos mais em inclusão. Somos uma doceria 100% sem glúten, sem lactose e o nosso foco são produtos sem açúcar. Focamos em ovos sem leite animal, ovos com leite vegetal. A casca é toda sem açúcar, sem lactose. Estamos focando mesmo nesse público que tem uma limitação e, também, numa linha kids com ursinho, pois aqui temos um mascote, o Benzinho”, explicou.
No cardápio, o cliente poderá optar entre ovos de brownie, torta red velvet, pistache com doce de leite, torta de limão e de oreo. Todos os itens são feitos artesanalmente. “O que tem de mais inclusivo e exclusivo, a gente trouxe para essa Páscoa. A gente também recebe encomendas de bolos e tortas e produtos presenteáveis, como cestas de Páscoa. Queremos quebrar esse preconceito de que produtos saudáveis são sem gosto e viemos com essa proposta de adoçar a vida de forma mais leve”, sustenta Letícia. “A Páscoa é o nosso primeiro Natal. E no mês de abril, provavelmente, vai representar 60% do nosso faturamento do mês. A gente espera fazer uma venda acima de 500 unidades de ovos”, acrescentou o sócio-proprietário Romário Resque, 30.