Pará

Turismo ecológico tem potencial no Pará

Turismo ecológico tem potencial no Pará

Pryscila Soares

Promover o contato direto do homem com a natureza e, com isso, conscientizar o cidadão sobre a importância de preservar as áreas protegidas, os povos tradicionais que habitam nelas e todas as riquezas naturais de fauna e flora que existem nesses locais. Este é o motivo de criação das Unidades de Conservação, que são áreas protegidas por lei.

Na última quarta-feira (1º) foi comemorado o Dia Mundial do Turismo Ecológico, data criada com o objetivo de incentivar a visitação e a prática de atividades e esportes nessas unidades.

A Amazônia possui a maior biodiversidade do mundo com quase 5 milhões de quilômetros quadrados, dos quais cerca da metade está protegida. No Pará existem 92 Unidades de Conservação, sendo 27 estaduais, 53 federais e 12 municipais. A área territorial do Estado com Unidades de Conservação corresponde a 423.413,07 quilômetros quadrados, ou seja, 34% do Estado é constituído por Unidades de Conservação.

Algumas das áreas protegidas estão localizadas na Região Metropolitana de Belém (RMB), a exemplo do Parque Estadual do Utinga Camillo Vianna, no bairro do Curió-Utinga, e a Área de Proteção Ambiental (APA) Ilha do Combu, ambas em Belém.

Trilha ecológica na Floresta Estadual de Faro no Um Dia no Parque 2022 – Foto: Joanisio Mesquita

Os locais costumam receber um grande fluxo de visitação. E, além de contemplar a natureza, o visitante do Parque do Utinga pode realizar trilhas, caminhadas, andar de bicicleta e até praticar turismo de aventura, como o rapel.

“A mais conhecida aqui é o Parque do Utinga. É uma unidade de conservação criada para proteger os lagos (Bolonha e Água Preta), a natureza envolta e propiciar essa visita e o contato do homem com a natureza. Tem outras áreas como o Lago de Tucuruí, onde é possível praticar a pesca esportiva, assim como na Floresta Estadual de Trombetas e a Floresta Estadual de Faro”, explica Jakeline Pereira, pesquisadora e coordenadora de projetos do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

“Temos, dentro do Estado, lugares em que podemos contemplar vestígios históricos do homem na Amazônia como os parques estaduais de Monte Alegre e o da Serra dos Martírios-Andorinhas. São lugares lindos, abertos ao público, com entrada gratuita e as pessoas podem se beneficiar com isso”.

PROTEGIDAS

O contato do homem com a natureza é benéfico não apenas no sentido de mostrar a importância da preservação dos recursos naturais, como também é uma espécie de terapia para as pessoas, o que influencia positivamente na nossa saúde física e psíquica, conforme ressalta a pesquisadora.

Pinturas rupestres de 11,2 mil anos – a comprovação mais antiga da presença humana na Amazônia – Parque Estadual de Monte Alegre – autora Fabíola Tuma

“Esse contato com a natureza é muito importante, principalmente para a saúde. Vários estudos mostram que melhora a questão psicológica, emocional e, inclusive, no Japão os médicos recomendam o ‘banho de floresta’ para melhorar as funções psíquicas, função da memória, casos depressivos. É considerado uma terapia. Até mesmo para a saúde cardíaca e sistema nervoso há benefícios”, sustenta.

Anualmente, no mês de julho, órgãos e entidades ligados ao turismo e a preservação das áreas protegidas realizam a campanha nacional Um Dia no Parque. É uma iniciativa criada por um grupo denominado Coalizão Pró UCs para incentivar a visitação nas Unidades de Conservação, a conexão com a natureza, com a história e a cultura dos povos.

“A gente tem aquele ditado que as pessoas só conseguem conservar aquilo que elas conhecem. A Amazônia é um ecossistema muito complexo, que traz muitos benefícios que temos que preservar. Um terço dos medicamentos que temos hoje no mundo vem da floresta. Fornece ar puro, armazena carbono nas árvores, melhorando a questão das mudanças climáticas. Vivenciamos enxurradas de chuvas fora de períodos, como está ocorrendo em São Paulo, e a gente consegue perceber que isso é ocasionado pela destruição da floresta”, declarou Jakeline Pereira.

Com o objetivo de capacitar pessoas que vivem nos entornos das Unidades de Conservação, o Imazon em conjunto com o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio), criou o programa Agentes Ambientais Comunitários.

Banho de Cachoeira – Terra Quilombola de Cachoeira Porteira – autor Rafael Araújo

A partir da formação, os comunitários passam a atuar em suas comunidades com ações de monitoramento, educação ambiental e produção. Dentre os temas estudados está o turismo ecológico, como uma forma de identificar o potencial das comunidades e propiciar renda a partir da visitação turística.

“Eles recebem uma formação como condutores de trilhas terrestres e aquáticas, noções para receber os turistas, hotelaria, alimentação e higiene, entre outros. Atualmente, temos mais de 100 pessoas atuando como agentes ambientais comunitários e, por exemplo, na Floresta Estadual de Faro eles realizam o turismo de pesca esportiva, condução de trilhas, praias e vivência na comunidade. Além de Faro, temos agentes ambientais em Monte Alegre, Oriximiná e Óbidos”, destaca a pesquisadora.

NÚMEROS

ÁREAS PROTEGIDAS NO PARÁ

l No Pará existem 92 Unidades de Conservação, sendo 27 estaduais, 53 federais e 12 municipais.

l A área territorial do estado com Unidades de Conservação corresponde a 423.413,07 quilômetros quadrados, ou seja, 34% do território paraense é constituído por UCs.

l Deste total, 28 são UCs de proteção integral (reservas biológicas, estação ecológica, parques), criados para a proteção da natureza, sendo permitidos visitas, turismo e pesquisa, mas não a moradia.

l 64 são de uso sustentável, onde é permitida moradia e pode ter a exploração dos recursos, como madeira, castanha, copaíba, turismo e etc.