Por Carolina Menezes
Fotos Yasmin Cavalcante
Desde 1996 o arquiteto urbanista Marcos Nascimento tem um compromisso que ele considera como inadiável: a ida ao Salão de Móvel de Milão, o maior evento mundial voltado à temática, e que esse ano ocorreu entre 17 e 22 de abril. E nessa edição mais recente, o profissional, que trabalha com arquitetura residencial, comercial e predial, voltou bastante impressionado com a volta das cores, estampas e principalmente com a volta da onda retrô.
Ele lembra que decidiu se tornar um visitador frequente do evento quando ainda nem se ouvia falar muito sobre por aqui, mas na Europa o reconhecimento já existia. A exposição era no centro da cidade em pavilhões que hoje compõem um centro comercial de negócios. “Havia grandes expositores, mas a maioria era de desginers e marcas italianas. Hoje o salão ocorre em um pavilhão de 2,1 milhões de metros quadrados com nomes do mundo inteiro. Minha ida anual é sem duvida em busca de lançamentos e tendências, ficar antenado no que acontece no mundo da arquitetura de interiores e a evolução do mobiliário funcional urbano, comercial e residencial. Hoje até os eletrodomésticos fazem parte da feira”, relata Marcos.
Volta ao passado
Mobiliários para espaços pequenos é uma tendência e a “decoração da casa da vovó” , ficaram bastante marcados para o arquiteto. “O minimalismo escandinavo aparece ainda e o estilo industrial muito pouco, só como complemento. Isso principalmente nas cozinhas que, por sinal, aparece com um mobiliário todo embutido, como se encaixadas nos vãos das paredes”, detalha. Os mobiliários têm silhuetas sinuosas, cores terrosas ou vibrantes, e há a reedição de peças consagradas com brilhos e cores fortes. O verde, o rosa e o azul dominaram as peças feitas à mão e no mobiliário lúdico, relembrando o passado.
A presença do Brasil
O Brasil, é claro, teve um espaço especial na programação. O stand “Tocantins Collection” chamou atenção do profissional pelo uso abusivo das cores e referências ao rio e a pessoas que vivem que vive no entorno dele. “Peixes, pássaros e a mata da região foram elementos fortes na criação das peças, orgânicas e confortáveis. O design brasileiro teve destaque dentro e fora da feira”, afirma o visitante.
Na bagagem muita inspiração
Marcos voltou bastante inspirado pelo uso adequado das cores com tons quentes e impactantes, como os avermelhados, indo até o rosa e tons de berinjela. “Isso cobrindo ambientações inteiras e peças de mobiliário. Muito brilhos, mas sem excesso. O dourado continua em alta, pontuado com as cores mais fortes. A simplicidade vem em excesso dentro da casa e há ainda o uso das pedras na decoração”, anuncia.
Moda e decoração
Por fim, um dos grandes destaques de todo o evento para o arquiteto ocorreu fora dos pavilhões. O Fuori Salone, realizado em áreas que são considerados zonas de design, como Brera e Zona Tortona. Ele realça a Via Durini como zona fashion do design e Brera como uma região com uma concentração bem maior de eventos e exposições mais badaladas do período. “Grandes marcas e designers do mundo inteiro exibem o melhor e o mais descolado mobiliário e instalações do Fuori Salone. Tudo sustentável e reciclável, e materiais de alta tecnologia. Nessa edição posso dizer que foi um dos maiores acontecimentos, inclusive com a participação de de grandes marcas que estão adentrando esse universo, como Louis Vuitton, Roberto Cavalli, Cartier, Fendi e Armani Casa. É a moda interagindo com o mobiliário”, enaltecce.