Quem é o vilão?

Um dos maiores desafios no consultório nutricional é a adesão do paciente às mudanças propostas. Quando escuto um paciente me dizendo “Dr. eu não como salada, mas você pode me mandar comer, que eu vou comer”, já sei que os resultados deste paciente não serão duradouros. Infelizmente não somos nós que nos adaptamos a dieta e sim a dieta que se adapta a nós. Sempre lembrando que, etimologicamente, dieta são os hábitos alimentares de um indivíduo, grupo ou sociedade e não restrição calórica pura e simplesmente. Temos necessidades culturais, sociais, psicológicas e fisiológicas que têm que ser respeitadas.

Um grande dificultador das mudanças é a praticidade. Somos bombardeados por bolos, sopas em pacote, pães, bolachas, lasanha, pizza, hambúrguer, refrigerante, refrescos. O que esses alimentos têm em comum?

Além de serem fáceis de consumir, pois já vêm prontos (ou quase), eles passam por uma série de processos industriais. Todos são considerados produtos alimentícios ultraprocessados. Por serem vazios em nutrientes e ricos em sal, açúcar, gorduras e outras substâncias químicas. O consumo exagerado pode trazer graves e irreversíveis problemas à saúde como alterações do colesterol, pressão alta, diabetes e obesidade e estas são apenas algumas das doenças associadas à alimentação ultraprocessada.

Além disso, a indústria é especialista naquele sabor mágico, porém artificial, que exacerba os nossos sentidos e cria um padrão de sabor no organismo, muitas vezes provoca o consumo exagerado dos seus produtos com aquela sensação de “não consigo parar” ou “é impossível comer um só”.