Pará

Entenda o que causou o novo deslizamento em Abaetetuba

Foto: Agência Pará
Foto: Agência Pará

Luiz Flávio

Foi publicado em edição extra do Diário Oficial do Estado (DOE) de ontem (27), o decreto nº 2.915, que declara situação de emergência no município de Abaetetuba, no nordeste paraense. Por conta da erosão de margem fluvial, ocorreu um deslizamento de terra registrado na manhã do último domingo (26). O status tem validade de 180 dias.

O documento vai facilitar o apoio do governo federal junto ao Ministério da Integração Nacional e a Defesa Civil. A publicação homologa decreto municipal de teor semelhante divulgado no domingo mesmo pela prefeitura da cidade.

Foi publicado em edição extra do Diário Oficial do Estado (DOE) de ontem (27), o decreto nº 2.915, que declara situação de emergência no município de Abaetetuba, no nordeste paraense. Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

“Neste momento estamos fazendo o cadastramento de todas as famílias impactadas, o estudo do solo da área para dimensionar qual a totalidade do local atingido que não poderá ser ocupado por estar sob risco de novo deslocamento de terra. Em paralelo a isso, a garantia do aluguel social por parte do município”, afirmou o governador do Pará, Helder Barbalho.

Oitenta casas que ficam às margens do Rio Maratauíra foram danificadas ou sofreram danos e 112 famílias foram atingidas.

O engenheiro civil Nagib Charone Filho afirma que não é a primeira vez que a frente da cidade de Abaetetuba sofre esse tipo de deslizamento, que na literatura popular chama-se “Terras Caídas” (fato semelhante já havia acontecido há 10 anos, no bairro São José).

“Na realidade esse é um fenômeno muito conhecido na engenharia que chamamos de ruptura de talude ou deslizamento de talude, que talude é rampa de solo. Quando a rampa está em solo mole, rompe daquele jeito”, explica.

Segundo Charone, que também é professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), esses fenômenos costumam mobilizar volumes imensos de terra, levando casas, ruas, trapiches, muros de arrimo, etc. “Posso dizer com absoluta certeza que só a ‘mão de Deus’ é capaz de paralisar o movimento quando se inicia”, garante.

Porém, diz, é possível, com antecedência, usando a engenharia, evitar esse tipo de desastre. Para tanto basta ter conhecimento do solo, o peso que se acha sobre ele e os níveis decorrentes da maré.

“Várias técnicas existem para evitar o desastre, todas elas de um modo geral relativamente caras tendo em vista a profundidade dos solos lamacentos da região amazônica. Depois do desastre a única coisa a fazer é socorrer a população afetada e terminar de demolir as casas que foram afetadas”, detalha.

O Corpo de Bombeiros detectou trincas no solo do perímetro da rua Siqueira Mendes até o final da rua D. Pedro I, que começa na orla e cruza os bairros São João e São José. Parte da rua D. Pedro I Rachou e desapareceu sob as águas.

A corporação também emitiu um alerta de evacuação da área atingida. Três quarteirões estão isolados. Uma torre de transmissão de energia está inclinada e ameaça desabar sobre as casas e a concessionária de energia fez o desligamento da energia elétrica dos imóveis.

A prefeitura de Abaetetuba disponibilizou o Ginásio Municipal para abrigar as famílias atingidas, mas todos preferiram ficar em casas de amigos ou parentes e o local então funciona como um ponto de apoio para coleta distribuição de alimentos, roupas, remédios, itens de higiene pessoal, colchões e outros itens de necessidades básicas para os desabrigados e desalojados.