Ana Laura Costa
Quem não cansou da folia e quis estender a brincadeira na quarta-feira (22) de cinzas, encontrou no bairro do Guamá o lugar certo para fechar com chave de ouro a maratona carnavalesca. Após dois anos sem sair às ruas por conta da pandemia, o tradicional Bloco Chulé de Pato, arrastou uma multidão pelas ruas do bairro e mostrou que na periferia também pulsa vida, cultura e alegria.
Com distribuição de sopa de mocotó para espantar qualquer resquício de ressaca e garantir energia para o cortejo do bloco, a concentração dos brincantes deu início por volta de 13h, na Tv Castelo Branco entre as ruas Caripunas e Paes de Souza, com saída às 16h pelo bairro.
Em 2001, o Chulé de Pato foi fundado por um grupo de amigos que desejava proporcionar uma oportunidade de brincadeira para a população da periferia de Belém sem gerar custos com fantasias e abadás. Ao longo do tempo, os coordenadores também perceberam na folia, a oportunidade de movimentar a economia e gerar renda aos vendedores ambulantes e garantir o alimento na mesa.
Neste ano, o bloco homenageia o carnavalesco Charles Brown que faleceu vítima da Covid-19. Antes de ser carnavalesco do Chulé de Pato, por muitos anos Brown atuou junto à escola de samba Bole Bole, pela qual foi campeão do carnaval de Belém. Segundo Paulo Mururé, coordenador e fundador do bloco, o cortejo é uma forma de expressar que os moradores do Guamá merecem estampar sua alegria e força de viver depois dos últimos anos.
“O bairro do Guamá merece ser feliz, como qualquer outro bairro da cidade de Belém. No nosso bairro também tem alegria, tem amor, união e diversidade. É a nossa união, a união do povo que faz com que o maior cortejo cultural do bairro se transforme nesse Carnaval lindo que a gente faz!”, ressalta.
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Foliões
O autônomo Arlins Maciel, 55, que também faz parte da coordenação e participa do bloco desde os primórdios, revela que após dois anos, a alegria de invadir as ruas do Guamá não cabe no peito. Além disso, movimentar a economia do bairro sempre foi uma preocupação e que ajudar nisso, é um grande feito do carnaval do Chulé de Pato. “O Paulo sempre teve essa sensibilidade com os ambulantes, em proporcionar alegria e renda para a população do Guamá. Então, é uma alegria imensa fazer parte disso desde o início, essa volta foi mais do que aguardada”, afirma.
Quem aproveitou para faturar com vendas de bebidas e bombons, além de prestar homenagem ao sogro que faleceu recentemente, foi Fábio Duarte, 38. No meio do povo, hidratando os foliões, o autônomo lembrou que seu sogro sempre participava do cortejo do bloco, fazendo suas vendas e se divertindo ao mesmo tempo. “Esse carro aqui era dele, vim prestar essa homenagem a ele, porque com certeza ele estaria aqui. Ele sempre vendia nas partidas de futebol, carnaval e shows. Onde ele estiver, sei que está feliz e tranquilo, isso aqui é para ele”.
Há 8 anos um grupo de 12 amigas também participa do bloco e espalham muita alegria, energia e simpatia pelas ruas do Guamá. Neste ano, aproveitaram o embalo da série Wandinha e foram todas fantasiadas a caráter. “Já estamos 3 dias viradas! Aproveitamos todos os dias de carnaval e a gente não podia encerrar essa maratona em outro lugar, tinha que ser aqui! Apesar da Wandinha não ter muito espírito carnavalesco, nós temos! Isso aqui tá maravilhoso, encerramos com chave de ouro”, finaliza Lene Moraes, 50, idealizadora da fantasia do carnaval deste ano.
