Mariana Muniz/Agência Globo
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou nesta terça-feira, por unanimidade, a decisão do ministro Benedito Gonçalves de manter a chamada minuta golpista nos autos de uma ação em que o ex-presidente Jair Bolsonaro é investigado.
A minuta, que sugeria uma espécie de intervenção no TSE, foi encontrada em janeiro na casa do ex-ministro Anderson Torres, durante uma operação da Polícia Federal após os ataques aos prédios dos Três Poderes, em Brasília.
Na semana passada, Gonçalves rejeitara um recurso apresentado pela defesa do ex-presidente, que pedia para que o documento fosse excluído do processo no qual Bolsonaro é investigado por ataques ao sistema eleitoral brasileiro, realizados em uma reunião com embaixadores, em julho do ano passado. O ministro, então, determinou que o plenário da Corte analisasse a sua decisão.
Em seu voto, Benedito afirmou ser “inequívoco” que o fato de o ex-ministro ter em seu poder uma proposta de intervenção no TSE e de invalidação do resultado das eleições presidenciais “possui aderência aos pontos controvertidos, em especial no que diz respeito à correlação entre o discurso e a campanha e ao aspecto quantitativo da gravidade”. “O próprio teor do discurso do presidente (…) oferece uma clara visão sobre o fluxo de eventos, passados e futuros, que podem, em tese, corroborar a imputação da petição inicial”, disse nesta terça-feira o ministro.
Bolsonaro é alvo de 16 ações no TSE que, se julgadas procedentes, podem levar à sua inelegibilidade.
Nos Estados Unidos desde o fim de dezembro, o ex-presidente afirmou em entrevista ao jornal americano The Wall Street Journal, publicada hoje, que planeja retornar ao Brasil em março para liderar a oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao veículo, Bolsonaro se definiu como “o líder nacional da direita” e avaliou que, com esse perfil, “não há mais ninguém no momento”.