Quatro iniciativas paraenses serão patrocinadas pela plataforma Natura Musical em 2023. Ao todo, o edital beneficia trinta projetos que compõem um panorama diverso de gêneros musicais e linguagens em trabalhos individuais e coletivos.
São quinze artistas, 8 festivais e 7 coletivos que formam um conjunto de iniciativas que reúnem artistas em diversos estágios de carreira. Em comum, eles têm o compromisso de contribuir para uma cena musical pulsante, visibilizar narrativas e construir novos imaginários.
Um dos contemplados é o Festival Apoena, que chega à terceira edição em 2023 focado em ser um espaço de (re)existência cultural. O evento busca expandir os sons da floresta que fazem o som da música paraense, além de reforçar a disseminação da cultura local. O projeto ainda prevê oficinas de produção cultural gratuitas para a comunidade de Fátima/Matinha em Belém.
“O Apoena é conhecido como grande fomentador da cultura amazônica. Nesses oito anos de atuação a gente já apresentou mais de 3 mil shows em que, na grande maioria, o artista apresentou seu trabalho autoral. Assim como nas duas edições passadas do festival, ele será uma mostra do que passou pelo palco do Apoena nesses oito anos de atividades”, diz Anderson Moura, sócio do Espaço Cultural Apoena e um dos organizadores do festival da casa.
“A proposta do festival é que, nas quatro semanas que o antecedem, grupos de carimbó vindos do interior se apresentem em shows com entrada franca, no Espaço Cultural Apoena. Para o festival em si, serão apresentações de dez bandas, que se destacam na cena paraense e já passaram pelo Apoena, e ainda, uma banda nacional e quatro DJs, em um único dia de evento – que ainda vamos definir o dia e local”, explica.
Animada com o resultado do edital, Ana Paula Guerreiro, uma das proprietárias do Apoena, diz que esse reconhecimento é importante para quem luta para sobreviver de cultura. “Vem como uma resposta de que a gente está no caminho certo e que devemos continuar acreditando na cultura do nosso Estado, nos nossos artistas”.
Duas iniciativas de Marabá foram contempladas. Um deles é o Caquiado. Surgido da inquietação de dois jovens artistas da cidade de Belém, Pratagy e Reiner, o Selo Caqui procura tornar sustentável a cena musical feita na cidade das mangueiras. O projeto coletivo “Caquiado: Álbum-coletânea e filme-manifesto de novos artistas paraenses” visa gravar um álbum-coletânea com dez artistas paraenses em ascensão em músicas autorais inéditas.
Já AQNO é um artista e produtor musical que vive com HIV há 7 anos, enfrentando e dialogando, através de sua arte, todas as questões pelas quais passa um corpo positivo numa sociedade sorofóbica. Em 2021 gravou seu primeiro disco autoral, “O Retorno de Saturno”, projeto que fala de suas descobertas, processos e questionamentos como pessoa vivendo com HIV. Nesse novo projeto, ele produzirá um álbum visual em colab com produtores, artistas, diretores, músicos e profissionais diversos vivendo com HIV, além de promover rodas de conversas em comunidades periféricas de Marabá, a fim de trazer uma nova visão sobre como viver e conviver com o HIV.
“É um álbum visual que traz várias expressões do universo queer da Amazônia e vai contar com a colaboração, produção, direção e atuação de artistas LGBTQIA+ e corpos dissidentes de todo território da Amazônia legal em várias áreas profissionais/artísticas. Vai ter muita história, muita moda, muita dança, muita montação, muita expressão visual, afinal é um álbum não apenas sonoro, mas estético. Vai ter muito Pará, muito Norte, muita música pop, muitas experimentações musicais entre orgânico e eletrônico.
O edital também destaca Rawi, de Santarém. Multiartista queer em ascensão na cena pop amazônida, conta com dez anos de carreira nas artes. Ele apresenta seu segundo disco, em busca de uma sonoridade experimental, utilizando os instrumentos e o ritmo do carimbó como base, passando pelo pop amazônida e muitas referências musicais do rock ao eletrônico. É um álbum de poética crua, e busca nos cenários das vidas amazônidas uma reformulação do imaginário de corpos e histórias LGBTQIAP+.
TALENTOS
Entre as iniciativas selecionadas as novas vozes femininas da efervescente cena R&B; a potência da música autoral negra; a renovação e celebração da música de tambor; e a inovação da música eletrônica periférica em estilos como house e drum’n’bass. Na região Amazônica, jovens artistas mostram o frescor da cena pop tropical; o rap e a cultura hip hop são representados em vertentes que vão da música autoral originária ao grime.
Os projetos foram incentivados a contemplar experiências ao vivo – peça fundamental na retomada de atividades na pandemia, para movimentar a economia da cultura, promover a circulação dos recursos, formar e expandir plateias.
*com informações de Natura Musical