Reviravolta no caso do professor agredido por pai de aluna dentro de sala de aula. Matéria publicada por CartaCapital mostra que o professor de matemática Emerson Teixeira, agredido pelo pai de uma estudante em uma escola do Distrito Federal, na segunda, 20, não é bem o que parece ser. Ele se apresenta nas redes sociais como ‘Professor Opressor’.
A alcunha aparece em um canal do YouTube com mais de 220 mil seguidores, cujos conteúdos foram colocados indisponíveis após a polêmica com o pai da aluna em sala de aula. Bolsonarista de carteirinha, o docente acumula polêmicas e já foi investigado pela Corregedoria por promover um churrasco em sala de aula para comemorar a vitória do ex-capitão nas eleições em 2018.
Na gravação divulgada pelo próprio professor nas redes, aparece ao lado de alunos em uma sala de aula enquanto assa as carnes. Ao se filmar usando a camiseta com o rosto do ex-presidente, diz entusiasmado que naquele momento “a Matemática não é importante”.
CartaCapital questionou a Secretaria de Educação do DF sobre o resultado da análise do episódio pela Corregedoria. A pasta, porém, não respondeu. Uma matéria do site Metrópoles publicada em abril de 2020 sobre o caso diz que o docente foi penalizado com a proibição de se manifestar politicamente no trabalho e a restrição de publicar imagens de estudantes nas redes sem autorização. Emerson Teixeira também foi alvo do inquérito da PF que apura os atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2022.
OFENSAS À ESTUDANTE
No episódio recente, que culminou na agressão, alunos apontam que ele teria proferido ofensas à estudante, que, por ter problemas de visão, utilizava um celular durante a aula para copiar tarefas. As ofensas são apontadas como o estopim da confusão.
Segundo boletim de ocorrência, o pai da aluna, identificado como Thiago Lênin Sousa, entrou na sala de coordenação sem autorização, proferiu xingamentos e agrediu fisicamente o professor com socos e chutes, causando lesões na face, quebrando óculos de grau e danificando uma corrente. Imagens de câmeras de segurança do local mostram os vários socos contra a face do professor, que só param após o homem ser contido com um ‘mataleão’.
A jovem que teria sido ofendida, na gravação, lamenta: “O que você fez, pai? Era só pra conversar”. As agressões aconteceram na sala de coordenação, na frente de outros estudantes. O caso está em investigação.
SITUAÇÕES VEXATÓRIAS
Em relato publicado na internet, uma estudante do colégio, que se diz amiga da aluna envolvida, narra que Teixeira tem o hábito de xingar os estudantes e colocá-los em situações vexatórias durante suas aulas. No caso que culminou na agressão, o professor teria disparado palavrões contra a jovem e exigido que ela guardasse o celular. O aparelho, porém, estaria em uso como ferramenta de acessibilidade, conforme prevê as exceções listadas na legislação que barrou celulares nas escolas. O uso do celular para driblar a baixa visão, registra a colega no vídeo, teria sido comunicado aos professores.
Emerson Teixeira, além do canal do ‘Professor Opressor’ no YouTube, também mantém um site com seu nome. Assim como no canal, não há conteúdos disponíveis ao público na página. Ao acessar o endereço eletrônico, apenas uma imagem do docente com xingamentos a opositores é exibida. “Devido ao grande número de filhos da puta que morrem de inveja do meu estilo de vida fui obrigado a tirar o site do ar”, diz o texto em tela, segundo apuração de CartaCapital.
Editado por Fábio Nóvoa