Bola

Bagagem do mundo árabe faz a diferença para meio-campista do Paysandu

Tylon Maués

Entre os quatro semifinalistas do Mundial de Clubes da FIFA, dois clubes se intrometeram entre Real Madrid e Flamengo-RJ. O egípcio Al Ahly e o saudita Al Hilal, que venceu o Mengo, mostraram um crescimento na qualidade de alguns clubes do Oriente Médio e do norte da África. Do elenco do Paysandu, o meia Fernando Gabriel tem experiência de já ter jogado a Liga das Campeões da Ásia por clubes da Jordânia, da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos.

O camisa 11 do Papão, que teve sua primeira experiência num clube árabe em 2014, quando defendeu o Persepolis FC, do Irã, garante que esse crescimento vem sendo uma constante ao longo dos anos, em especial pelo investimento em jogadores de centros mais fortes do futebol profissional. “O nível no mundo árabe melhorou muito nos últimos anos. Em quase todos os times lá tem brasileiro e isso ajuda e exige mais dos árabes”, conta.

A primeira passagem de Fernando Gabriel pelo Paysandu foi no início da Série B do Campeonato Brasileiro de 2017, quando marcou dois gols e deu uma assistência, chamando a atenção e caindo nas graças da Fiel. Mas, com a proposta do Hatta Club, dos Emirados Árabes Unidos, ele deixou a Curuzu iniciando a terceira passagem pelo futebol estrangeiro.

Quando foi reapresentado no Papão, o jogador afirmou que voltou para completar um ciclo que foi interrompido por uma proposta financeiramente irrecusável. Ele disse que queria dar continuidade àquilo que fez seis anos atrás. Com a lesão de Ricardinho, Fernando ficou com a vaga de armador no meio de campo e foi um dos beneficiados pelo atraso de quase três semanas da estreia bicolor no Parazão para se condicionar fisicamente, já que foi um dos últimos a se apresentar no clube. Aos poucos, o jogador vai chegando ao mesmo nível dos demais companheiros para poder render mais.

Abaixo, em entrevista exclusiva ao Bola, ele falou sobre seu novo momento no Paysandu e o nível do futebol asiático.

P – Quais os maiores desafios de adaptação de um atleta brasileiro de jogar tantas temporadas em países árabes, como você teve essa experiência?

R – A cultura é totalmente diferente e o clima e os treinamentos são bem abaixo que do Brasil. Acredito que isso é um dos fatores que dificultam essa adaptação, mas minha experiência foi excelente, me adaptei muito rápido e por isso permaneci por tantos anos.

P – Te surpreende que times de origem árabe tenham bons resultados nos mundiais da FIFA recentes?

R – Não me surpreende, pois o nível no mundo árabe melhorou muito nos últimos anos. Em quase todos os times lá tem brasileiro e isso ajuda e exige mais dos árabes, pois o nível do campeonato melhora e consequentemente eles precisam estar bem preparados para jogar na sua seleção.

P – Como os jogadores sul-americanos, em especial os brasileiros, são vistos pela torcida local?

R – Isso é uma coisa muito bacana, eles amam os brasileiros quando você fala que é do Brasil até o tratamento é diferente.

P – Quando você deixou o Paysandu em 2017 ficou com a sensação que foi um trabalho interrompido pela metade? Por isso o seu retorno?

R – Quando eu saí do Paysandu foi porque eu tinha um sonho de jogar nos Emirados Árabes e não poderia perder aquela oportunidade. Com certeza eu voltei para continuar aquela história que eu tinha começado, a paixão e o amor da torcida me marcaram e por isso não escutei proposta de ninguém. Eu escolhi o Paysandu e o Paysandu me escolheu. Estou muito feliz de estar de volta.

P – O Paysandu estava na Série B em 2017 e agora está na C, mas a estrutura mudou bastante. Algo lhe surpreendeu nesse retorno?

R – Tudo no clube melhorou apesar de hoje estar na Série C, então não me surpreendeu em nada, pois esse clube é gigante e merece muito voltar para divisões melhores.

P – A torcida bicolor teve uma relação curta com você, mas a imagem deixada foi boa e seu retorno gerou uma expectativa boa. Você tem tido esse retorno por parte dos torcedores?

R – A torcida tem sido incrível comigo e também a forma que as pessoas do clube me receberam foi realmente maravilhoso. Isso tem me motivado cada dia mais a fazer uma grande temporada com esse clube pra conseguir títulos e o acesso, pois esse clube e essa torcida merecem.