MC Poze do Rodo depõe na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Câmeras da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
MC Poze do Rodo depõe na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Câmeras da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

O funkeiro MC Poze do Rodo compareceu a oitava reunião ordinária da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Câmeras, realizada nesta segunda-feira (20), na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Convocado por deputados para explicar o episódio envolvendo o roubo e a rápida recuperação de sua Land Rover Defender blindada, o cantor afirmou que o carro foi devolvido “porque é o Poze”.

Ao responder ao presidente da CPI, deputado Alexandre Knoploch (PL), sobre a rapidez com que o veículo foi localizado após o roubo, o artista declarou:

“Meu carro apareceu porque eu sou o Poze do Rodo. Eu me acho uma pessoa foda, fenomenal”.

Em seguida, Poze reforçou a justificativa com base na própria notoriedade.

“Eu sou mundialmente muito reconhecido. Tenho um Instagram com 16 milhões de pessoas e, por dia, mais de quatro milhões de pessoas me assistem nos stories todos os dias. Então, é óbvio, que quem me roubou, após ver toda a repercussão, não ficaria com o carro roubado. O carro é vermelho por dentro e por fora, é todo personalizado, tem meu nome nos bancos. Para mim, é obvio que, depois que eu postasse, ele iria aparecer. E ele não foi recuperado, foi largado. É meio óbvio ter sido devolvido, porque eu sou gigante”.

Ele também reagiu às críticas pessoais feitas por Knoploch, que em postagens nas redes sociais já o chamou de “marginal”. O funkeiro rebateu:

“Muitas pessoas gostam disso [da fama dele], e muitas pessoas discordam, inclusive o senhor, que deixou nítido nas redes sociais que eu sou um marginal. Então, eu acho que não tem porque eu ficar dialogando com uma pessoa que me acha uma coisa que eu não sou. O senhor sabe da minha profissão real, sabe que fui preso e que me soltaram porque não conseguiram provar nada. Eu sou artista, pai de cinco filhos”.

Apesar das divergências, Poze condenou as ameaças feitas por fãs a parlamentares após a convocação dele para depor. Knoploch, por sua vez, confirmou as declarações anteriores e disse não se arrepender de chamá-lo de marginal. Segundo o deputado, o termo se deve ao conteúdo das músicas do funkeiro.

“Eu não retiro o que disse. Músicas cantadas pelo senhor fazem apologia ao crime. Vivemos numa sociedade democrática, tem gente que gosta de funk, outras que gostam de gospel, mas eu acho que o que o senhor canta incentiva o crime. Admiro o senhor vir aqui falar o que o senhor tem vontade de falar, eu gosto de pessoa que é homem, chega e falar o que tem que falar e pronto. O caso do senhor (o roubo do Land Rover) aconteceu no momento temporal da CPI, por isso você foi chamado”, afirma o deputado.

A participação de Poze durou cerca de 28 minutos. A audiência começou com a apresentação de um habeas corpus pela advogada dele, assinado pela desembargadora Kátia Maria Amaral Jangutta, que garantia ao artista o direito de permanecer em silêncio. Após responder à primeira pergunta, ele exerceu esse direito e foi dispensado pelos parlamentares.

Entenda a CPI das Câmeras

A CPI das Câmeras foi criada pela Alerj para investigar empresas de videomonitoramento, recuperadoras e associações de proteção veicular suspeitas de lucrar com o aumento da criminalidade no Estado. 

O colegiado é presidido por Alexandre Knoploch (PL) e tem como relator Filippe Poubel (PL). Também integram a comissão os deputados Rodrigo Amorim (União), Alan Lopes (PL), Sarah Poncio (SDD), Prof. Josemar (Psol) e Luis Paulo (PSD).

Até agora, a CPI já ouviu representantes de seguradoras e recuperadoras, além de ter visitado o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, para ouvir detentos envolvidos em crimes de roubo e clonagem de veículos.

Na reunião de 22 de setembro, dois depoentes chegaram a ter prisão decretada: Sérgio Belo David Fuerte, representante da associação de proteção veicular Rio Ben, por se recusar a depor, e Thiago Lima Menezes, presidente da Êxodus Benefícios, por falso testemunho. Ambos respondem em liberdade.

Editado por Clayton Matos