Nesta sexta-feira (17), em alusão ao Outubro Rosa, cerca de 30 pacientes com câncer de mama participam de uma aula de spinning
Nesta sexta-feira (17), em alusão ao Outubro Rosa, cerca de 30 pacientes com câncer de mama participam de uma aula de spinning

Quando pensamos em uma paciente oncológica que faz tratamento contra câncer de mama, por exemplo, a imagem que vem à cabeça é a de uma mulher careca e com outros sinais decorrentes dos efeitos colaterais provocados pelo tratamento. Pensamos em uma mulher fragilizada, abatida, que precisa de muito descanso. Porém, já faz tempo que essa imagem não corresponde à realidade.

A médica oncologista Paula Sampaio explica que o perfil da paciente com câncer de mama mudou. A principal explicação é que o exercício físico deixou de ser apenas uma opção para pacientes com câncer de mama. Agora, tem que fazer parte do tratamento.

“De modo geral, nossas pacientes são muito mais ativas hoje em dia. Têm mais autonomia e melhor performance física para o tratamento. O exercício tem papel fundamental nisso. Ele deve ser prescrito pelo médico, que conta com o apoio do profissional de educação física e/ou do fisioterapeuta. Podemos dizer que exercício é tão importante quanto o medicamento e a nutrição, por exemplo. É parte fundamental do tratamento. As evidências científicas sobre os benefícios do exercício físico para pacientes com câncer de mama e outros tipos de câncer são robustas e abundantes hoje em dia”, conta ela.

Exercício físico é parte essencial do tratamento contra o câncer de mama, dizem especialistas
Exercício físico é parte essencial do tratamento contra o câncer de mama, dizem especialistas

Pesquisa

Um estudo recente do Roswell Park Comprehensive Cancer Center, dos EUA, que envolveu 1.340 mulheres com câncer de mama de alto risco, analisou a adesão das pacientes a recomendações de estilo de vida saudável. Mulheres que mantiveram um estilo de vida saudável antes, durante e até dois anos após o tratamento da doença apresentaram uma redução de 58% em mortalidade e 37% na recorrência do câncer de mama.

Pode-se resumir o conceito de ‘estilo de vida saudável’ em não fumar, não se expor ao sol sem proteção, não consumir bebida alcoólica, praticar exercício físico regularmente e ter uma alimentação saudável, o que combate sedentarismo e obesidade.

Um grande exemplo, na prática, do que mostra o estudo é Thaynnah Carneiro, 36 anos. Ela descobriu o câncer de mama em janeiro de 2024, fez cirurgia e quimioterapia.

 Ao longo do tratamento, enfrentou três internações, sendo uma delas muito grave.

“Passei por um momento em que fiquei entre a vida e a morte — fui entubada e permaneci oito dias na UTI, somando 24 dias de internação. Esse período me deixou bastante debilitada. Pesava 54 quilos e fiquei com 42 “, relata.

Thaynnah conta que quando ela saiu da ITI os médicos afirmaram que um fato foi determinante para que ela sobrevivesse: a musculatura, a boa condição física de quem há anos já praticava musculação e dança.

 “Hoje em dia, praticar atividade física é algo inegociável. Exercitar o corpo me ajuda a controlar a ansiedade, sintomas depressivos, diminui a fadiga e efeitos colaterais, além de melhorar minha qualidade de vida e, por fim, diminui as chances de uma recidiva”, afirma Thaynnah.

Aula de spinning quebra estereótipos

Para celebrar o avanço do tratamento e fortalecer a conscientização sobre a doença, em alusão à campanha Outubro Rosa, nesta sexta-feira, 17 de outubro, cerca de 30 pacientes de câncer de mama vão participar de uma aula de spinning em um estúdio na rua Domingos Marreiros, esquina com a Dom Romualdo de Seixas.

Médicas oncologistas e mastologistas também vão participar da aula com suas pacientes. As convidadas irão chegar às 13h e a aula vai começar pontualmente às 14h.

A aula no estúdio que lembra uma boate, com luzes que piscam no ritmo das músicas e as pacientes que pedalam animadas, compõem um registro planejado para mostrar com muita clareza e alegria, neste Outubro Rosa, o quanto o exercício físico faz bem para pacientes com câncer de mama.

Quem também estará presente será Jailma Bulhões, 47 anos, mãe de um filho e casada. Ela descobriu o câncer na mama em 2024. Jailma conta que sempre praticou musculação e atualmente a atividade física e o acompanhamento da nutricionista se tornaram ainda mais importantes no tratamento. Ajuda a ganhar músculos e melhora a disposição para combater os efeitos dos medicamentos usados contra a doença.

Jailma faz uso de um medicamento que induz a menopausa e conta que, sem os exercícios físicos que fez antes, durante o tratamento de quimioterapia e continua fazendo, teria várias complicações físicas.

Ela sempre lembra que, no início de seu tratamento, os sinais de abatimento físico eram muito fortes, com dificuldades para movimentos simples, como se abaixar, além de dores e limitação em grandes articulações, como nos joelhos. Por isso, a rotina de atividades físicas já faz parte do dia a dia de Jailma.

Além da aula de spinning, outras 20 pacientes, também acompanhadas por médicas especialistas, vão participar de uma aula de hot yoga. Um exercício diferente do que é feito nas bikes, vigoroso e relaxante ao mesmo tempo, e também extremamente benéfico para pacientes com câncer de mama.

“A OMS recomenda entre 150 e 300 minutos de exercício moderado ou 75 a 150 minutos de atividade intensa por semana para todo mundo e os estudos mais recentes demonstram que exercícios leves como caminhada, corrida ou treinos com elástico, por exemplo, significam menos fadiga, mais força, melhor condicionamento físico e melhor qualidade de vida para pacientes com câncer. O exercício para pacientes oncológicas reduz os efeitos colaterais, melhora o sistema imunológico e atua na modulação de processos inflamatórios”, detalha Paula Sampaio.

Editado por Clayton Matos