Ilustração/Canva
Ilustração/Canva

Um condomínio em Serra, no Espírito Santo, aplicou uma multa de R$ 1.075 a uma moradora por permitir que sua cadela, uma golden retriever que atua como suporte terapêutico do filho de 15 anos, circulasse de coleira pelo chão das áreas comuns no trajeto entre o apartamento e a portaria. O adolescente, João Victor, é autista e tem deficiência intelectual. Segundo a mãe, a influenciadora digital Márcia Merlo, o animal é essencial para o equilíbrio emocional do filho e o ajuda a lidar com o isolamento social que a condição impõe.

A decisão do condomínio, fria e burocrática, ignora o que há de mais elementar na convivência humana: a empatia. João Victor não estava “passeando com o cachorro”; estava sendo acompanhado por quem lhe dá segurança e conforto num mundo que, para ele, é barulhento, imprevisível e por vezes hostil. A cadela, devidamente de coleira, é o elo entre o menino e o cotidiano, um suporte que a ciência e a psicologia já reconhecem há décadas como terapêutico e necessário.

Empatia e Insensibilidade em Condomínios

Mas para alguns, parece mais fácil enxergar o que incomoda do que compreender o que humaniza. É como se o amor precisasse pedir autorização na portaria — e o afeto, esse que deveria ser bem-vindo em qualquer ambiente, passasse a ser tratado como infração. O episódio revela uma dura verdade: vivemos tempos em que as regras pesam mais do que o coração, e o bom senso parece ter sido substituído por síndicos da insensibilidade.

Márcia desabafou nas redes, lembrando que o cachorro é a ponte que liga o filho ao mundo. E o que deveria ser apenas mais um dia normal de uma família que tenta viver com dignidade, virou uma lição amarga sobre a falta de solidariedade. Enquanto o condomínio se agarra às normas, um menino autista tenta apenas continuar existindo com um pouco de paz — e uma golden retriever ao seu lado, que só sabe oferecer aquilo que nos falta: amor sem condição.