
Morreu neste sábado, 11, aos 79 anos, a atriz norte-americana Diane Keaton, uma das maiores intérpretes de sua geração e símbolo de autenticidade no cinema. A notícia foi confirmada por um porta-voz da família à revista People, e rapidamente repercutiu em todo o mundo. A causa da morte ainda não foi divulgada, e familiares pedem privacidade neste momento.
Nascida em Los Angeles em 5 de janeiro de 1946, Diane Hall — seu nome de batismo — trocou o sobrenome para Keaton, o de solteira de sua mãe, ao descobrir que já havia uma atriz registrada com o mesmo nome artístico. Ainda jovem, ela se envolveu com o teatro e se destacou nos palcos nova-iorquinos, especialmente ao integrar o elenco original do musical Hair e, mais tarde, da peça Play It Again, Sam, que marcaria o início de sua duradoura parceria com Woody Allen.
O cinema conheceu Diane Keaton no início dos anos 1970, quando ela apareceu em As Mil Faces do Amor. Pouco depois, veio o papel que mudaria sua carreira: Kay Adams, a mulher de Michael Corleone (Al Pacino) em O Poderoso Chefão (1972), de Francis Ford Coppola. O filme não apenas a projetou internacionalmente, mas também a inscreveu no panteão de um dos maiores clássicos da história do cinema. Keaton repetiria o papel nas duas sequências da trilogia.
Mas o ponto mais alto de sua trajetória viria em 1977, com Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (Annie Hall), dirigido por Woody Allen. Com sua mistura inimitável de humor, vulnerabilidade e charme, Diane conquistou o Oscar de Melhor Atriz, eternizando o personagem que até hoje é referência cultural — inclusive por seu estilo pessoal, marcado por ternos, gravatas e chapéus que redefiniram a moda feminina nos anos 1970. “Annie Hall” virou sinônimo de uma nova forma de protagonismo feminino: inteligente, excêntrico e livre.
Ao longo das décadas seguintes, Diane Keaton construiu uma filmografia diversa, transitando com naturalidade entre comédias românticas e dramas intensos. Atuou em Reds (1981), de Warren Beatty, Marvin’s Room (1996), As Filhas de Marvin, e Alguém Tem Que Ceder (Something’s Gotta Give, 2003), contracenando com Jack Nicholson — papel que lhe rendeu nova indicação ao Oscar. Também se aventurou atrás das câmeras, dirigindo o documentário Heaven (1987) e o longa “Hanging Up” (2000).
ROMANCES COM ALLEN, BEATTY E PACINO
Conhecida por sua independência, Diane Keaton nunca se casou, apesar dos romances com Allen, Beatty e Al Pacino. Preferiu viver à sua maneira, longe das convenções de Hollywood. Em 1996, adotou sua filha, Dexter, e, em 2001, seu filho, Duke, tornando-se mãe solo aos 50 anos. Em entrevistas, dizia que a maternidade a transformou mais profundamente do que qualquer papel. Também cuidou da mãe, diagnosticada com Alzheimer, e do irmão Randy, com quem mantinha uma relação de grande afeto e proteção.
Ícone do estilo, da inteligência e da liberdade criativa, Diane Keaton deixa uma marca indelével na cultura pop. Sua risada, sua ironia e sua excentricidade definiram um tipo de personagem feminino que, até então, Hollywood raramente ousava escrever. Em um mundo cinematográfico que muitas vezes exige conformidade, ela foi a prova viva de que autenticidade é, sim, uma forma de arte.
Diane Keaton parte, mas sua presença permanece: nas telas, nos figurinos, nos gestos e nas palavras que deram humanidade a personagens inesquecíveis. Seu legado é de riso e elegância — e de uma vida que, como ela própria dizia, “nunca teve roteiro, mas sempre teve alma”.