Pará - Uma das maiores festas católicas do mundo, o Círio de Nazaré também tem o seu lado profano: a famosa Festa da Chiquita.
Com décadas de tradição, a festa, voltada principalmente ao público LGBTQIA+ desde a sua criação, acontece na Praça da República, entre a Trasladação, no sábado à noite, e a principal procissão do Círio, no domingo de manhã.
Apesar de já ser reconhecida como parte do Círio pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 2004 e pela UNESCO desde 2013, a Igreja Católica não reconhece a Chiquita como parte da agenda oficial de homenagens a Nossa Senhora de Nazaré.
Apesar da tradição, a festa ainda encontra resistência entre fiéis conservadores e, por isso, a realização do evento numa praça pública já foi contestada. No entanto, apesar das críticas, ele conseguiu se manter. O organizador da festa há mais de 30 anos, Elói Iglesias, inclusive, já relatou ter sofrido com ataques e intimidações no passado.
Ele minimizou os ataques, que, por mais numerosos que fossem, nunca inviabilizaram a festa. A aceitação tornou-se maior de uns anos para cá. “Só o fato de estarmos vivos, é uma felicidade. Significa que a gente conseguiu criar um território de discussão, de liberdade, para mostrar que nós estamos aqui e sobre um tapete vermelho. Saímos daquele momento que achávamos que tínhamos que ficar no armário. O armário foi quebrado”, disse Iglesias em entrevista à Revista Piauí, em 2023.
Chiquita e a COP30
Em 2025, além de celebrar o lado profano do Círio, a Festa da Chiquita também busca trazer à discussão a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP30, que será sediada em Belém no mês de novembro.
Com o tema “Chiquita na COP30: Exclusão social – os riscos para a população LGBTQIAPN+ na Amazônia”, o evento busca trazer à luz do público as dificuldades da população LGBTQIA+ na região amazônica.