
Belém e Pará - Como tantos paraenses em outubro, o Festival Psica abre as portas para receber amigos e convidados de todo o Brasil durante o Círio de Nazaré, a maior manifestação religiosa da Amazônia e do país. Em transmissão ao vivo pelo YouTube, o evento narra cada detalhe da festa a partir das vozes negras, periféricas, indígenas, ribeirinhas e LGBTQIA+, celebrando a fé e a cultura amazônica sob múltiplas perspectivas.
Entre os dias 11 e 12 de outubro, o Psica mergulha nas romarias do Círio Fluvial, Trasladação e Grande Procissão, com cobertura especial e programação na Casa Dourada, centro cultural permanente do festival instalado em um casarão histórico na Cidade Velha, ao lado da Catedral da Sé, ponto emblemático onde Belém nasceu e onde convergem fé, cultura e pertencimento.
Com curadoria voltada aos saberes da Amazônia e ao diálogo entre gerações, o Psica de Nazaré reúne artistas e personalidades como Karol Conká, Linn da Quebrada, Amaury Lorenzo, Leona Vingativa, Isabella Santorini, Layse, Valéria Paiva, Paulo Colucci, DJ Gilmar, Marcos Maderito, Elói Iglesias, Hellen Patrícia, Keila Gentil, Mariza Black, Michel Pinho e Zaynara, entre outros nomes que unem arte, espiritualidade e transformação social.
Durante as madrugadas do Círio, o Varadouro Psica transforma o Recanto das Amazonas, na Cidade Velha, em um ponto de descanso e cuidado. O espaço oferece água, massagens e atendimento emergencial aos romeiros, refletindo o espírito solidário e comunitário que marca o Círio de Nazaré. Para muitos que chegam de barco, ônibus ou a pé, o Varadouro é porto seguro e expressão viva da fé partilhada.
O Psica de Nazaré 2025 conta com patrocínio master da Petrobras via Lei Rouanet e apoio de O Boticário e TIM (Lei Semear). A realização é da Psica Produções, Meachuta, Fundação Cultural do Pará, Governo do Pará, Ministério da Cultura e Governo Federal – União e Reconstrução.
Almoço das Matriarcas
No sábado (11), o festival realiza o tradicional Almoço das Matriarcas, um banquete amazônico que celebra fé, afeto e ancestralidade. A estrela da mesa é Dona Lourdes, de 85 anos, avó dos criadores do Psica, Jeft e Gerson, e símbolo da culinária ancestral. Sua maniçoba, espessa e escura, é considerada uma das melhores de Belém.
O cardápio ainda reúne o Tacacá da Flávia, com 35 anos de tradição; o vatapá de Mãe Jucy; a Torta Maria Isabel das irmãs Nazaré e Rose Reis (projeto As Negonas); o pato no tucupi de Dona Fafá; e o Frito do Vaqueiro de Dona Zezé, de Cachoeira do Arari — cada prato representando um elo entre fé, sabor e ancestralidade.
Música e celebração
A trilha sonora do Psica mistura tradição e experimentação. No barco do Círio Fluvial, o grupo Africanos de Icoaraci leva o carimbó ancestral aos rios de Belém, enquanto Félix Robatto e Afro Axé Dudu fazem a Casa Dourada pulsar com guitarrada e batuque. No domingo (12), o protagonismo queer amazônico ganha destaque com Flor de Mururé, Borblue, Íris da Selva e Elói Iglesias, transformando o Círio em uma celebração sonora de fé e diversidade.