CIÊNCIA

Nobel de Medicina premia avanço na defesa do sistema imunológico

As descobertas dos laureados inauguraram o campo da tolerância periférica, estimulando o desenvolvimento de tratamentos médicos para câncer e doenças autoimunes. 

As descobertas dos laureados inauguraram o campo da tolerância periférica, estimulando o desenvolvimento de tratamentos médicos para câncer e doenças autoimunes. 
Foto: Reprodução

Os pesquisadores Mary E. Brunkow, Fred Ramsdell e Shimon Sakaguchi receberam o Prêmio Nobel de Medicina nesta segunda-feira, 6, por descobertas inovadoras sobre a tolerância imunológica periférica, que impede o sistema imunológico de causar danos ao corpo. As descobertas dos laureados inauguraram o campo da tolerância periférica, estimulando o desenvolvimento de tratamentos médicos para câncer e doenças autoimunes. 

Todos os dias, nosso sistema imunológico nos protege de milhares de micróbios diferentes que tentam invadir nosso corpo. Todos eles têm aparências diferentes e muitos desenvolveram semelhanças com células humanas como forma de camuflagem. Então, como o sistema imunológico determina o que deve atacar e o que deve defender? Foi esse questionamento que os cientistas responderam com os trabalhos. 

Em 1995, Shimon Sakaguchi fez a primeira descoberta importante: demonstrou que o sistema imunológico é mais complexo e descobriu uma classe até então desconhecida de células imunes, que protegem o corpo de doenças autoimunes. 

Já Mary Brunkow e Fred Ramsdell fizeram outra descoberta fundamental em 2001, quando apresentaram a explicação sobre uma linhagem específica de camundongos que era vulnerável a doenças autoimunes. Eles descobriram que os camundongos tinham uma mutação em um gene que chamaram de Foxp3 . Eles também demonstraram que mutações no equivalente humano desse gene causam uma doença autoimune grave, a IPEX.

Dois anos depois, Shimon Sakaguchi conseguiu relacionar essas descobertas. Ele provou que o gene Foxp3 rege o desenvolvimento das células que identificou em 1995. Essas células, agora conhecidas como células T reguladoras, monitoram outras células imunológicas e garantem que nosso sistema imunológico tolere nossos próprios tecidos.

Segundo o Comitê do Nobel, as descobertas dos premiados inauguraram o campo da tolerância periférica, estimulando o desenvolvimento de tratamentos médicos para câncer e doenças autoimunes, além do potencial em garantir transplantes de órgãos mais bem sucedidos. 

Quem é quem

Mary E. Brunkow, nascida em 1961. Doutora pela Universidade de Princeton, Princeton, EUA. Gerente Sênior de Programas no Instituto de Biologia de Sistemas, Seattle, EUA.

Fred Ramsdell, nascido em 1960. Doutor em 1987 pela Universidade da Califórnia, Los Angeles, EUA. Consultor científico, Sonoma Biotherapeutics, São Francisco, EUA.

Shimon Sakaguchi, nascido em 1951. Médico em 1976 e Ph.D. em 1983 pela Universidade de Kyoto, Japão. Professor Emérito no Centro de Pesquisa de Fronteira em Imunologia, Universidade de Osaka, Japão.