CADÊ NOSSOS HERÓIS?

Nicolas, Eduardo Ramos e o vazio de ídolos: o que resta para Paysandu e Remo

Cacaio, Robgol, Eduardo Ramos e outros deixaram um legado que a nova geração ainda não substituiu..

Eduardo Ramos, último ídolo da torcida remista. Foto: Divulgação
Eduardo Ramos, último ídolo da torcida remista. Foto: Divulgação

No dinâmico — e por vezes chato — futebol atual, o torcedor deixou de ir aos estádios ou assistir aos jogos pela TV ou celular de olho em algum jogador que chame sua atenção ou com quem se identifique como parte do clube do coração. A carência de ídolos é um fenômeno que dificilmente será curado. Cazuza imortalizou um hit dando a letra: ‘Meus heróis morreram de overdose’. Já os nossos, da bola, se foram por diagósticos ainda não revelados.

Hoje, com 16 ou 17 anos, os projetos de craque somem do nosso radar e vão para qualquer mercado fora do Brasil. Depois disso, só sabemos de suas existências quando são convocados para a seleção. Além disso, há uma alta rotatividade nos clubes, o que impede a criação de um vínculo entre torcida e jogador.

Na nossa “cozinha”, por exemplo, Nicolas foi quem mais se aproximou disso no Paysandu, mas sua saída foi conturbada — e até festejada por parte da torcida —, apesar da dedicação extrema do atacante ao Papão. Houve entrega, gols decisivos, idas e vindas, mas o ciclo se encerrou sem alcançar o status de ídolo incontestável.

No Remo, o cenário é ainda mais desolador. A última grande referência de ídolo foi Eduardo Ramos, que conquistou a galera com talento e irreverência. Desde 2021, quando bateu asas do Baenão, ninguém conseguiu preencher esse vazio.

Houve um tempo em que nós, meros amantes da bola, íamos com orgulho torcer por nosso clube — claro —, mas também dividíamos as atenções com os desfiles de Cacaio, Belterra, Agnaldo, Robgol, Ageu, Edil, Charles Guerreiro, Dema, só para citar alguns nomes da geração dos anos 90 para cá, que tive a sorte de ver em ação.

É aquela história: quem viu, viu.
Quem não viu, talvez nunca saiba o que é ter um jogador identificado com seu clube por anos a fio — e vê-lo eternizado na imaginária calçada da fama da torcida.

Voltamos a qualquer momento…

Clayton Matos

Diretor de Redação

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.