VIOLÊNCIA DESPENCA

Violência cai 84% em Belém desde 2018 e cidade vive ponto de virada na segurança

Os números da violência na Região Metropolitana de Belém em setembro de 2025 revelam não apenas uma queda pontual.

A Região Metropolitana de Belém registrou uma redução histórica nos índices de violência em setembro de 2025.
A Região Metropolitana de Belém registrou uma redução histórica nos índices de violência em setembro de 2025.Foto: Bruno Cruz/ag. Pará

Os números da violência na Região Metropolitana de Belém em setembro de 2025 revelam não apenas uma queda pontual, mas um movimento histórico de reversão de cenário. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), houve uma redução de 84,48% nos Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLI) em relação ao mesmo período de 2018.

Em termos absolutos, a mudança é expressiva: em setembro de 2018 foram 116 ocorrências, contra 30 em 2024 e apenas 14 em 2025. No acumulado de janeiro a setembro, a comparação é ainda mais contundente — 1.148 registros em 2018 caíram para 215 este ano, o que significa uma queda de 81,27% em sete anos. Em termos humanos, mais de 930 vidas deixaram de ser ceifadas na Grande Belém.

Para entender a dimensão dos resultados, é preciso lembrar o contexto de 2018. À época, a Região Metropolitana de Belém figurava entre as áreas mais violentas do país, com índices de homicídios em patamares alarmantes e recorrente sensação de insegurança. O contraste com 2025 revela uma mudança de paradigma: se antes a curva da violência parecia ascendente e fora de controle, hoje os dados mostram uma trajetória consistente de queda.

Mesmo quando comparado com o ano passado, o recuo é significativo. Em setembro de 2024, foram 30 ocorrências de CVLI — mais que o dobro do registrado este ano. No acumulado de janeiro a setembro, a redução foi de 22,1% em relação a 2024.

O secretário de Segurança Pública, Ualame Machado, aponta como fator decisivo a ocupação ostensiva dos espaços urbanos. Operações como Polícia Mais Forte e Impulsos priorizam horários críticos (entrada e saída de escolas e locais de trabalho) e áreas de maior incidência criminal. Já a operação Tolerância Zero tem reforçado a fiscalização de bares e casas noturnas, buscando coibir irregularidades e a venda de bebidas a menores.

Segundo ele, “a estratégia de saturar as áreas mais críticas tem produzido resultados claros, visíveis tanto nos números quanto na percepção da população”.

A mudança também se sustenta em investimentos. Desde 2019, a Segup tem priorizado a modernização da frota, aquisição de armamentos e coletes, além da oferta de cursos de capacitação e qualificação para agentes de segurança. Essa combinação de planejamento, tecnologia e treinamento é vista como um dos pilares da queda nos indicadores.

Se os números mostram que a Grande Belém deixou para trás o patamar de violência que marcou a década passada, o desafio agora é consolidar essa tendência. A redução no número de mortes em sete anos evidencia que a política de segurança integrada tem surtido efeito, mas também exige manutenção do ritmo de investimentos e presença das forças policiais.

A análise das séries históricas sugere que Belém vive um momento de inflexão: a cidade que já esteve no mapa da violência letal no Brasil começa a construir uma narrativa oposta, de preservação de vidas e fortalecimento da ordem pública.