A Organização das Nações Unidas (ONU) fixou em US$ 197 por pessoa/dia o valor do subsídio destinado a delegações internacionais que participarão da COP30, em Belém, no próximo mês. De acordo com dados da própria ONU, nas últimas cinco conferências do Clima (COPs), os valores pagos foram entre 47% e 150% maiores do que o previsto agora para Belém. A única exceção foi a COP29, no Azerbaijão, quando os delegados receberam US$ 194, praticamente no mesmo patamar. Já nas demais, os reembolsos foram significativamente mais altos: Dubai (US$ 493), Madri (US$ 458), Glasgow (US$ 324) e Sharm el Sheikh (US$ 290).
O valor do subsídio repassado pela ONU para pessoa/dia em Belém cobre apenas 20% do custo da diária — nas COPs anteriores, cobriu de 70% a mais de 200%. Um exemplo é Madri, onde o subsídio cobriu 224% do valor da diária; Dubai, 171% e Glasgow 112% (ADR médio local em US$/dia).
Descompasso Financeiro na COP30 em Belém
O valor destinado pela ONU é definido pela Comissão Internacional de Serviço Civil, que afirma usar como parâmetro o custo médio de hospedagem no local-sede. Mas, na prática, os preços praticados em Belém, somados ao menor subsídio em anos, criam um descompasso que ameaça a participação de países em desenvolvimento.
A pressão internacional levou a ONU a rever sua decisão inicial. Há cerca de duas semanas, após reclamações de diversos países e apelo do Brasil, a entidade aumentou a verba prevista de US$ 144 para US$ 197, valor que será repassado a 144 países. Ainda assim, a UNFCCC admitiu que a taxa revisada pode não ser suficiente diante dos custos locais e informou não haver expectativa de novos reajustes.
Em nota, a Secretaria Extraordinária para a COP30 (Secop), ligada à Casa Civil, reconheceu que o aumento não atendeu integralmente à proposta brasileira de equiparar o valor ao praticado em outras capitais. Mas afirmou que o reajuste representa um reforço para apoiar países em desenvolvimento.