
O mês de outubro chegou, e para o Paysandu ele não poderia ser mais caótico. A partir desta noite, às 19h, na Curuzu, contra o Cuiabá, que está invicto há cinco jogos, começa a verdadeira caça às bruxas da equipe, em um verdadeiro conto de terror com seis capítulos decisivos no mês do Halloween. São seis jogos, ou seja, seis finais em que o Papão não pode desperdiçar sequer um ponto se quiser afastar de vez a visagem do rebaixamento, encosto que insiste em fungar no cangote do time rumo às profundezas da tabela. O cenário é de arrepiar, mas, o décimo mês do calendário, em paralelo, é conhecido por fé e esperança para o paraense com a procissão do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, com quem o Alviceleste tem feito tudo que é tipo de promessa para escapar da degola.
A equipe, por sinal, já se transformou até em utensílios do assombroso ‘Dia das Bruxas’, virou uma “lanterna de jerimum (ou abóbora)”, só que com um vermelho mais cabreiro que o tradicional laranja, iluminando o próprio caminho em meio à escuridão. De um lado, esqueletos rodeiam a equipe com coro cada vez mais alto, digno de arrepio na espinha, a exemplo das vozes do protesto recente da torcida, que se manifestou como uma espécie de morto-vivo, ainda sustentado pela matemática antes do inevitável pós-vida do rebaixamento. Do outro, há também a chance de redenção: o Natal dos paraenses se aproxima, e o Papão deposita fé de que Nazinha rogue por ele, nem que seja pela força coletiva da Fiel puxando sozinha a corda da Trasladação como ato de promessa.
O dilema do Papão: doces ou travessuras?
Nesse caldeirão, em maio a poções de ruindade, desespero, calculadora e secadora, tudo fervendo e mexido em um ritual quase que finalizado, o Paysandu vive o dilema entre doces e travessuras. Travessuras, ao roubar pontos dos adversários, desafiando a lógica das campanhas mais regulares; e doçuras, de preferência de cupuaçu ou até de um sorvete COP 30, para dividir com a torcida e apaziguar ânimos em ebulição. O clube até já demonstrou uma leve evolução ofensiva, com mais volume de jogo no ataque e menos medo de encarar rivais bem posicionados. Mas as bruxas e dragas estão soltas, voando a Curuzu com vassouras prontas para varrer qualquer sinal de reação ou de conquista de pontos e, assim, qualquer vacilo pode ser fatal.
A fé em Nazaré como salvação
Mas, com fé em Nazaré, protegido pela Berlinda e com o Manto Divino da Santa e com as fitinhas entrelaçadas, o Paysandu tem a chance de tocar fogo em qualquer bruxa na fogueira da permanência da segunda divisão nacional.