VIOLÊNCIA NO RIO

24 paraenses ligados ao CV morreram em confrontos no Rio nos últimos três anos

A conexão entre Pará e Rio de Janeiro fortalece o Comando Vermelho, ao mesmo tempo que expõe um ciclo crescente de violência.

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A conexão entre Pará e Rio de Janeiro fortalece o Comando Vermelho, ao mesmo tempo que expõe um ciclo crescente de violência que desafia a segurança pública nos dois estados. . Foto: Divulgação

A violência que marca o cotidiano do Rio de Janeiro deixou de ser um problema restrito às suas favelas e bairros periféricos. Nos últimos anos, investigações policiais têm demonstrado uma conexão cada vez mais forte entre o Comando Vermelho (CV) e o estado do Pará, consolidando um eixo criminoso que cruza fronteiras e amplia o alcance da facção.

Em entrevista ao portal Tupi FM, o delegado Gustavo Fossati relatou que, em apenas três anos, 24 paraenses ligados ao CV morreram em confrontos com a polícia do Rio. O número revela não apenas a intensidade da presença paraense nas comunidades cariocas, mas também a velocidade com que o grupo criminoso amplia seu contingente. “Monitoramos constantemente, mas cada vez aparece mais gente nova. É um trabalho árduo, que exige integração entre forças de segurança dos dois estados”, confirma.

Operação expõe elo direto entre estados

A mais recente operação conjunta das polícias Civil, Militar e do Ministério Público, realizada ontem, segunda-feira, 29 de setembro, resultou na prisão de 22 suspeitos na comunidade Gardênia Azul, na Zona Oeste do Rio. Entre os detidos está Juliana Cristina, de 26 anos, conhecida como “Jhu do Pará”, apontada como elo direto entre os grupos criminosos. Segundo a investigação, ela havia deixado o Rio há pouco mais de um mês e foi localizada em Belém, reforçando as ligações da facção entre as duas regiões.

Durante a ação, criminosos chegaram a sequestrar dois ônibus e um caminhão, utilizando os veículos para bloquear a Avenida Ayrton Senna, em mais uma demonstração da ousadia e do poder de intimidação do grupo. O saldo da operação incluiu ainda a apreensão de quatro fuzis, sete pistolas, um revólver, duas granadas, rádios comunicadores e veículos roubados.

Expansão criminosa e cenário preocupante

A infiltração de paraenses nas fileiras do CV no Rio não é um fenômeno isolado. O Pará tem se tornado uma das principais portas de entrada para o tráfico de drogas vindas do Norte e da rota amazônica, o que explica o interesse da facção em recrutar e consolidar aliados na região. A ligação estratégica com o território paraense permite acesso a rotas fluviais e fronteiriças que alimentam o mercado ilegal de entorpecentes em grandes capitais do país.

A situação acende um alerta para o fato de que o Comando Vermelho está fortalecendo sua presença na Amazônia, aproveitando-se da vulnerabilidade das comunidades cariocas para expandir negócios e recrutar mão de obra. A escalada de casos justifica as medidas conjuntas que os governos do Rio e do Pará vêm tomando para o combate ao crime organizado.