
Belém e Pará - A capital paraense celebrou mais uma edição da Parada do Orgulho LGBTI+ do Pará no último domingo (28). O evento chegou à 23ª edição trazendo neste ano o tema “Patrimônio Histórico e Imaterial da População LGBTI+ na Amazônia”, buscando destacar a importância cultural e social da manifestação por meio do orgulho e resistência da população que sofre violência em decorrência de sua orientação sexual e identidade de gênero. Cerca de 500 mil pessoas eram esperadas no evento, de acordo com a organização.
A concentração dos três trios elétricos ocorreu a partir das 12h, na avenida Visconde de Souza Franco, entre as ruas Antônio Barreto e Boaventura da Silva. Por volta das 16h30, os trios elétricos conduziram os participantes pela Doca até chegar na avenida Marechal Hermes, com ponto final na Praça Waldemar Henrique, totalizando um percurso com cerca de dois quilômetros. Deram apoio ao evento a Guarda Municipal de Belém, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Secretaria Municipal de Segurança, Ordem Pública e Mobilidade Urbana (Segbel).
Para animar o público, a celebração contou com artistas locais, DJs e performances de drag queens, além de encerramento com show da cantora Valéria Paiva e a Banda Fruto Sensual, reforçando a luta contra a violência e o preconceito. A realização do evento é do Grupo Homossexual do Pará (GHP), instituição que há 23 anos atua no estado em prol da cidadania da população LGBTI+.
Para Jenverson Garcia, 40, um dos organizadores da Parada LGBTI+ do Pará, a festa representa a motivação em buscar sempre representatividade na sociedade. Integrante pelo terceiro ano consecutivo na organização da Parada, ele conta que é uma satisfação fazer parte de algo tão grandioso em Belém. “É seguir no que acreditamos como ideal de respeito e amor. Vamos sair às ruas sempre que precisarmos”, afirmou.

De acordo com a secretária executiva de políticas públicas e bem-estar social, Bruna Lorrane, a Parada LGBTI+ é a maior da região Norte e reúne esforços de muitos militantes do estado do Pará para promover uma reflexão sobre a maior inclusão da população LGBTI+. “Esta é uma oportunidade para lembrar que direitos têm de ser iguais. Não temos que pedir autorização de nada para ter aquilo que a Constituição garante”, pontuou Bruna Lorrane.
Todos os anos a empreendedora Angela Quaresma, 55, e a bombeira civil Márcia Sabino, 51, participam do evento. O casal está junto há 16 anos, e entende que a Parada é para reforçar a importância do reconhecimento por igualdade da população LGBTI+. “Avançamos bastante contra o preconceito, mas ele ainda existe”, frisa Angela Quaresma. “É uma celebração pela diversidade e pelo amor”, destaca Márcia Sabino.
“Sou gay com muito orgulho e estou aqui para celebrar nosso momento”, disse o autônomo Afonso Moraes, 62. Anualmente, ele participa da festa em Belém como forma de apoiar a causa e defender a população LGBTI+ no Pará. “Em muitas vezes somos rejeitados. O preconceito ainda é grande porque sentimos isso no nosso dia a dia. Mas a Parada representa dizer que existimos e queremos respeito”, disse Moraes segurando uma bandeira do arco-íris, símbolo do movimento LGBTI+.
A Câmara Municipal de Belém aprovou em 24 de setembro deste ano o Projeto de Lei que reconhece a Parada do Orgulho LGBTQIA+ como patrimônio cultural imaterial de Belém. A proposta foi apresentada pela vereadora Vivi Reis (PSOL) e reforça o papel da Parada como espaço de visibilidade, resistência e afirmação das identidades de gênero e diversidade sexual na região amazônica.