Indígenas da etnia Kayapó mantêm, desde 25 de setembro, a ocupação da sede do DSEI (Distrito Sanitário Especial Indígena) em Redenção, no sul do Pará. O protesto teve início após a nomeação de Casimiro Júnior Marinho Aguiar — sobrinho do senador Zequinha Marinho (PODEMOS-PA) — para a coordenação do órgão.
Para as lideranças Kayapó, a nomeação representa mais um episódio em que a saúde indígena é tratada como moeda de troca política. O protesto tem ganhado adesão: mais ônibus com indígenas, vindos de aldeias do Pará e do Mato Grosso, chegaram à sede ocupada desde a publicação da nomeação.
Embora uma reunião com representantes do governo e da sociedade civil esteja marcada, os manifestantes já deixaram claro que não aceitam a permanência de Casimiro no cargo.
Nas redes sociais, Casimiro afirmou ter sido bem recebido pelos indígenas e negou qualquer relação entre sua nomeação e seus parentes — o senador Zequinha Marinho e seu irmão, que já ocupou o mesmo cargo. Para os Kayapó, no entanto, o histórico da família Marinho na política reforça a rejeição à indicação.
Zequinha Marinho já se posicionou a favor da concessão de lavras em terras indígenas e costuma criticar acordos e medidas ambientais internacionais. Os caciques o apontam como defensor de interesses contrários aos povos indígenas.
Apesar de tentar se apresentar como aliado das comunidades tradicionais, seu histórico como parlamentar mostra o oposto: ele já defendeu garimpeiros ilegais, atuou para liberar a exploração em terras indígenas e chegou a chamar a COP30 de “ecoterrorismo ambiental”.