Pará - Para frear as consequências das mudanças climáticas e compensar a emissão de gases de efeito estufa gerados por atividades humanas, a neutralização de carbono tem sido uma estratégia fundamental para empresas e governos. Na Amazônia, a Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA) tem intensificado ações voltadas à descarbonização, principalmente dentro do movimento multissetorial Jornada COP+, liderado pela federação.
Desde maio de 2024, quando a iniciativa foi lançada, todas as programações presenciais promovidas pela Jornada COP+ como capacitações, festivais, webinars, workshops, letramento, encontros de líderes, fóruns e exposições têm o compromisso de compensar as emissões de carbono. Os eventos já alcançaram mais de 20 mil pessoas e já neutralizaram aproximadamente 3,2 toneladas de carbono.
Deryck Martins, coordenador técnico da Jornada COP+ e presidente do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade da FIEPA, explica como se dá esse processo: “Toda atividade humana emite gases de efeito estufa. Normalmente falamos do carbono, pois é o principal elemento, mas outros gases também contribuem. Quando usamos um carro, avião ou geramos resíduos sólidos, gases são liberados. Hoje, é possível quantificar essas emissões e calcular, por exemplo, quantas árvores seriam necessárias para neutralizar determinada quantidade de carbono. Nos eventos da FIEPA, sabemos quais são as emissões e adquirimos créditos de carbono certificados, que garantem que a quantidade equivalente de carbono foi retirada da atmosfera”.
Como ocorre- A neutralização de carbono envolve uma combinação de estratégias técnicas e naturais, como reflorestamento, conservação de florestas e geração de energia limpa. Cada tonelada de CO₂ neutralizada é convertida em créditos de carbono, que podem ser comprados para compensar as emissões. “O essencial é que as emissões sejam compensadas, independentemente de quem emite ou neutraliza, já que os gases de efeito estufa estão aumentando a temperatura média da Terra, o que chamamos de aquecimento global”, descreve Deryck Martins.
Esses créditos são adquiridos no mercado voluntário. No caso da Jornada COP+, o trabalho é feito em parceria com a Guamá Tratamento de Resíduos, empresa que administra o Aterro Sanitário que recebe os resíduos da Região Metropolitana de Belém. “Desde o início da jornada, percebemos a necessidade de neutralizar as emissões de nossas atividades. A Guamá, com sua expertise em gerar créditos a partir de aterros sanitários e gases de efeito estufa, tornou-se nossa parceira”, explica o coordenador técnico da Jornada.
A Guamá Tratamento de Resíduos Ltda. tem se destacado por implementar práticas inovadoras para contribuir diretamente com a neutralização do carbono. De acordo com o gerente comercial da empresa, Wagner Cardoso, a redução de emissões em eventos de grande porte utiliza tecnologias inovadoras, como usinas de biogás e termelétricas movidas a biogás que capturam gases de efeito estufa e os transformam em créditos de carbono. “A quantidade de metano que seria emitida sem o tratamento é calculada, e ao retirá-lo da atmosfera, transformamos essa ação em créditos de carbono. Esses créditos podem ser comprados por empresas ou projetos que buscam neutralizar suas emissões”, detalhou.
Na parceria com a Jornada COP+, a Guamá neutraliza as emissões de três componentes principais: geração de resíduos, consumo de energia e quantidade de participantes. “Para isso, recebemos dados detalhados sobre a quantidade de energia gerada em cada evento, com base em um estudo estimado”, acrescentou Wagner Cardoso.
Dados da neutralização – De acordo com dados da FIEPA, os eventos presenciais da Jornada COP+ já realizados e previstos até o final da COP30 devem gerar aproximadamente 4367 quilos de resíduos (rejeitos e orgânicos), o que equivale a quase 1.092 créditos de carbono. Já o consumo de energia elétrica previsto é de aproximadamente 4.040 kWh (quilowatt-hora), o que resulta na geração de mais de 282 créditos. A geração de energia por geradores estimada, por sua vez, é de 4864 kWh, resultando em mais de 3891 créditos de carbono. Até a realização da COP30, a estimativa da Guamá Tratamento de Resíduos é que os eventos da Jornada COP+ resultem na neutralização de aproximadamente 4,5 toneladas de carbono.
A Jornada COP+ é o movimento que mobiliza o setor produtivo em torno da transição justa na Amazônia brasileira. A iniciativa tem promovido ações de economia circular, rastreabilidade de cadeias de valor e inovação sustentável. Realizada pela Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Instituto Amazônia+21, a Jornada COP+ é correalizada pela Hydro, com o patrocínio super master da Vale e da Albras, e patrocínio premium da Guamá Tratamento de Resíduos, da SINOBRAS e da Bayer. A iniciativa foi idealizada pela Temple Comunicação e tem o apoio da Ação Pró-Amazônia, Consórcio Interestadual Amazônia Legal, Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), SESI e SENAI.
*Texto de Mayra Leal