DICAS PARA CUIDAR

Beleza exótica: como cultivar plantas carnívoras

Conhecidas por atrair e capturar pequenos insetos, elas vêm conquistando cada vez mais espaço em jardins, coleções e decoração de interiores.

Venus Flytrap (Créditos: depositphotos.com / lobster20)
Venus Flytrap (Créditos: depositphotos.com / lobster20)

Elas despertam curiosidade, encantam pela aparência exótica e, ao mesmo tempo, intrigam pelo modo singular de se alimentar. As plantas carnívoras, conhecidas por atrair e capturar pequenos insetos, vêm conquistando cada vez mais espaço em jardins, coleções particulares e até na decoração de interiores. Mas, para manter a saúde e o vigor dessas espécies, é preciso entender que seus cuidados são diferentes dos de uma planta convencional.

Adaptadas a ambientes hostis, elas conseguem sobreviver em solos pobres em nutrientes, encharcados e ácidos, com baixo pH, com pouca disponibilidade de nitratos, dependendo assim do nitrogênio contido nas proteínas dos animais, mas, como todo vegetal, é dependente da energia proveniente da luz para sobreviver.

Com alta capacidade de atrair pequenos animais, incluindo insetos, que suas principais presas, aracnídeos e até mesmo anfíbios, répteis e aves, capturar, digerir e utilizar os nutrientes de suas presas. São predominantes na faixa tropical do planeta, tendo grande biodiversidade no Sudeste Asiático, Américas e Austrália.

O Passo a Passo Para Cuidar de Plantas Carnívoras

Passo 1 – O substrato ideal

O solo precisa ser pobre em nutrientes e levemente ácido – exceto por algumas espécies de Pinguicula (necessitam de pH alto). Os principais componentes para o preparo do solo: pó de xaxim, musgo (do gênero Sphagnum) e areia. Há cultivadores que utilizam pó de xaxim e musgo na proporção 1:1; outros, utilizam os três componentes, numa proporção 1:1:1 (a areia, melhora a drenagem do solo, tornando este mais próximo ao tipo de solo natural em que algumas carnívoras crescem).

A areia deve ser de rio e não do mar (pois esta possui muitos sais, prejudiciais às carnívoras). Com o passar do tempo (dois ou três anos), o musgo se decompõe, sendo necessário o replantio em um substrato novo. Jamais plante as carnívoras na terra ou substratos adubados.

Passo 2 – O vaso certo

Vasos de plástico, de preferência claros, ajudam a manter a umidade e evitam o superaquecimento das raízes. É essencial que tenham furos para drenagem, com exceção das espécies aquáticas.

Passo 3 – Condições de crescimento

Luz: a maioria das carnívoras gosta de sol pleno. A falta de luz enfraquece a coloração vermelha de espécies como a Dionaea (conhecida como papa-moscas) – as espécies de Drosera. Mas a adaptação deve ser gradual para não queimar as folhas.

Água: nada de torneira. O ideal é usar água da chuva ou destilada, já que minerais e cloro são prejudiciais.

Umidade: ambientes úmidos favorecem o desenvolvimento. Algumas espécies podem ser cultivadas ao ar livre, mas as mais sensíveis se adaptam melhor em terrários ou estufas. Quase todas as plantas carnívoras necessitam de ambientes bastante úmidos para crescerem – principal exceção: o Drosophyllum –. Algumas, como certas espécies de Nepenthes, necessitam de umidade quase 100%; outras não são tão exigentes.

Temperatura: varia conforme a espécie; de modo geral, as que crescem em maiores altitudes toleram (e/ou preferem) temperaturas inferiores às das plantas que crescem em pequenas altitudes. No inverno, por exemplo, com o decréscimo da temperatura e do período de exposição à luz, muitas espécies passam a”hibernar” ou entram em estado de “dormência”.

Dormência: esse período é essencial para a saúde da planta. Após o descanso, geralmente na primavera ou verão, elas retomam o crescimento com vigor.

Passo 4 – Esqueça a adubação

Carnívoras não precisam de adubo. Elas se nutrem das presas que capturam naturalmente. Oferecer insetos mortos ou fertilizantes químicos pode comprometer a vitalidade.

Passo 5 – Controle de pragas

Apesar de caçadoras, elas também sofrem ataques de pulgões, ácaros e fungos. O ideal é evitar inseticidas químicos, que podem envenená-las. O manejo deve ser feito manualmente ou com métodos alternativos, como a submersão temporária em água ou o uso de inseticidas orgânicos.

Passo 6 – Propagação e replantio

As carnívoras podem ser reproduzidas por sementes, folhas, raízes, estacas ou divisão da planta. O replantio deve ocorrer quando as raízes já não têm espaço ou quando o substrato se degrada. A melhor época é a primavera, quando elas estão mais resistentes.

Passo 7 – Conheça suas famílias

As carnívoras se dividem em grupos com armadilhas bem distintas.

Famílias de Plantas Carnívoras

Nepenthes: possuem na ponta de suas folhas estruturas semelhantes a jarros, sendo na verdade continuações da própria folha modificadas, com as bordas do limbo unidas formando uma ânfora; elas são capazes de prender até pequenos pássaros.

Sarracenia: compreende os gêneros Sarracenia, Darlingtonia (ambas naturais da América do Norte) e Heliamphora (natural da América do Sul). Consiste de plantas carnívoras com folhas saindo de um rizoma subterrâneo, folhas estas unidas pelas bordas formando um comprido jarro.

Drosera: é uma família de plantas angiospérmicas, pertencente à ordem Caryophyllales. possuem tentáculos pegajosos que imobilizam os insetos. A famosa Dionaea muscipula, a “papa-moscas”, também pertence a essa família.

Lentibularia: incluem espécies aquáticas, como as Utricularias, que sugam suas presas por meio de pequenas câmaras de sucção.