A banda Álibi de Orfeu apresenta nova temporada da Ópera Rock autoral “Desterro – Uma Ópera Rock Amazônica”, com dramaturgia, elenco e banda ao vivo, num registro inédito no Brasil em escala. A apresentação acontece nos dias 25 e 26 de outubro, no Teatro do Sesi, em Belém. Em fase de pré-venda, os ingressos já podem ser adquiridos na plataforma digital e na bilheteria do teatro.
Baseado no álbum “Desterro”, da banda Álibi de Orfeu, o trabalho do grupo traz não só um álbum conceitual ou um show temático, mas uma ópera rock no sentido clássico: com um álbum que conta uma história linear, encenado no palco com atores, direção teatral, coreografias, iluminação cênica e a banda funcionando como orquestra, tocando ao vivo enquanto a dramaturgia se desenrola ali na frente.
É o que explica o baterista Rui Paiva, que forma a banda ao lado de Sidney Klautau, no baixo; Rafael Mergulhão, na guitarra, ao lado de André Sassim e a cantora Lohane Takeda, no vocal. “Não existe registro de outra ópera rock brasileira com esse molde completo, sendo álbum conceitual com encenação e um grande elenco e mais uma banda ao vivo como orquestra. O Álibi de Orfeu, nesse formato, é 100% pioneiro no Brasil. O que mais se aproxima disso são algumas óperas populares musicadas, como “Calabar” de Chico Buarque e Ruy Guerra, anos 1970, mas elas pertencem ao teatro musical tradicional, não ao rock”.
Atores, bailarinos e cantores interpretam e performam enquanto o Álibi toca ao vivo. “As músicas seguem uma sequência de fatos da dramaturgia que desencadearam o roteiro assinado por Sidney Klautau e coreografado pela Mirai Centro de Movimento. A primeira temporada, em 2020, ocorreu em três apresentações, com todos os ingressos esgotados e foi o último show ao vivo em Belém antes da pandemia”, lembra Rui.
A Trajetória de Dira do Carmo em ‘Desterro’
Dividido em dois atos, o espetáculo conta a trajetória de Dira do Carmo, uma jovem forçada a deixar sua terra natal no interior do Pará, na região da Terra do Meio, após testemunhar a violência de grileiros contra sua família. Ao tentar a sorte em Belém, ela enfrenta os dilemas de um mundo cruel e real na Amazônia. Na capital paraense, começam a acontecer diversas situações na vida dela, marcando a mudança da adolescência para a vida adulta. Ela se depara com o mundo das drogas, da prostituição, da exploração da mulher, além de um encontro da menina com o Círio de Nazaré. “A Ópera Rock conta o que aconteceu depois com essa família após o desterramento. Tem a destruição da família até que chega ao grande acontecimento no final da ópera”, detalha Rui Paiva.
Algumas mudanças ocorreram entre a primeira e a segunda temporada, conta o baterista. “Os cantores estão fazendo novos arranjos de vocais belíssimos, a cantoria está diferente, a exploração que eles estão tendo das músicas, nas melodias também está diferente. O roteiro é quase parecido, tem algumas mudanças só em algumas cenas, mas de uma maneira geral, a parte musical está muito mais bonita e mais concisa, porque cada música é cantada por um ator e ele acaba contando dentro do contexto de cada cena”.
INTENSO
A construção de uma ópera rock é um processo que dá trabalho, avalia Sidney Kc. “Já estamos ensaiando desde julho. É um processo trabalhoso, mas a julgar pelo resultado da primeira temporada e levando em consideração tudo o que foi acrescentado de estrutura técnica, visual e no espetáculo, este daqui promete ser inesquecível”.
Desafios e Expectativas para a Nova Temporada
Novo para uma parte das equipes, o espetáculo gera muitos desafios, analisa o baixista. “Neste momento, o pessoal do teatro está ensaiando as cenas, depois ocorre um ensaio separado dos vocais e ainda separado da coreografia. Agora entramos na etapa mais empolgante, quando juntamos a banda com o elenco, que é chamada de “italianas”. Na prática é quando a gente toca as músicas –toca e dança ao mesmo tempo, corrige, vê a postura, a posição, o vocal que não está certo – depois vamos para a etapa de ensaio do espetáculo inteiro”, detalha Sidney.
“É uma troca profícua porque a gente consegue ver toda a labuta que houve na junção das equipes. A gente observa também o talento de toda essa equipe, a percepção de espaço, a mobilidade, a coordenação motora e aquela coisa que vem de dentro com a atuação, de representar um personagem. Por exemplo, a Nancy, que faz a Dira, tem uma carga emocional muito grande. Além disso, ela precisa passar a visão dos amazônidas sobre as dificuldades sobre a nossa região, mas a partir do nosso olhar. O espetáculo traz uma mensagem de um lugar gigantesco que tem terra de sobra, mas tem muita gente que não tem terra para sobreviver. É uma terra muito rica, com muitos minérios e recursos naturais de diversos tipos extremamente necessários para o mundo moderno, mas o seu povo não usufrui disso. É uma terra rica de gente pobre, isso faz parte da letra de Desterro”, cita o baixista.
Nos ensaios, fica evidente o processo de evolução de cada equipe, acrescenta Sidney Klautau. “É muito rico também para os atores e toda a produção, trabalhar com uma banda de rock tão tradicional como Álibi de Orfeu que tem 38 anos de estrada, que podem ver e sentir a energia de uma banda dessa tocando ao vivo no volume 30 e eles dançando, atuando e coreografando dentro de uma ideia que começou ali atrás, em 2012. É um grande aprendizado para todos nós e não tenho dúvida de que vai ser uma experiência absurda para quem for assistir”, promete Sidney Kc.
“A mensagem principal da ópera rock é fazer o espectador assistir a um espetáculo que mostra a realidade da Amazônia vista pelo olhar dos amazônidas. Equipe técnica, banda, elenco, criação, tudo foi desenvolvido por gente daqui. É importante dizer que nós somos capazes disso, tanto o pessoal do teatro – equipe técnica, figurino, som, luz- quanto da música. A primeira temporada foi com capital próprio e agora, contamos com o apoio da Lei Aldir Blanc, então isso foi determinante para mostrarmos um espetáculo com uma qualidade superior à primeira temporada.
Rock Autoral e o Futuro da Cena Musical em Belém
Rui Paiva diz que este é um momento relevante na carreira do Álibi. “A gente consegue fazer um trabalho autoral, se transformar junto com outras expressões artísticas, como a dança e o teatro e agora também o audiovisual, que vão ter algumas situações também nessa estética nas cenas. Então isso pra gente é fundamental, marca uma presença muito forte na questão do rock autoral. A gente tem visto, por exemplo, nos últimos shows a galera chegando, cantando músicas da ópera em coro, que nos deixa muito felizes. Isso nos mostra que o rock autoral ainda continua de pé em Belém. Existem outros trabalhos maravilhosos de outras bandas que estão fazendo um trabalho incrível também. A tendência são novos valores vindo por aí eu pelo menos tenho encontrado nos shows outras bandas, com shows incríveis, trabalhos criativos. Fico empolgado de ver os caras tocando assim, como SuperSelf, Supernova, Urubu, Cout, Morfina Punk”.
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Desterro – Uma Ópera Rock Amazônica.
Quando: 25/10 (sábado) e 26/10 (domingo).
Onde: Teatro do Sesi – Av. Almirante Barroso, 2540 (Entrada pela Dr. Freitas), Belém – Pará.
Quanto: R$ 55 (ingresso promocional- 2º lote); R$ 120 (inteira); R$ 60 (meia-entrada) 2º lote disponível.
Garanta o seu ingresso no link: bileto.sympla.com.br/event/110496