
Dados divulgados pelo Banco Central revelam que, entre 2015 e o segundo trimestre de 2025, o número de trabalhadores atuando via aplicativos saltou de 770 mil para cerca de 2,1 milhões, uma elevação de 170%.
Esse crescimento ocorre num contexto em que a população ocupada do Brasil avançou apenas 10% no mesmo intervalo, evidenciando que as plataformas digitais de transporte e entrega ganharam protagonismo no mercado de trabalho.
Segundo o relatório, o aumento dos trabalhadores de apps contribuiu positivamente para os indicadores laborais: acrescentou até 0,8 ponto percentual ao nível de ocupação e diminuiu a taxa de desemprego em até 0,6 p.p.
As plataformas não teriam retirado postos formais existentes, mas criado novas formas de trabalho — muitos dos profissionais teriam ingressado nessa modalidade vindos de fora da força de trabalho.
Peso ainda modesto
Apesar da expansão frenética, os trabalhadores por aplicativo continuam representando parcela minoritária do mercado formal. Hoje, respondem por cerca de 2,1% da população ocupada e 1,2% da população em idade de trabalhar. Em 2015, esses percentuais eram 0,8% e 0,5%, respectivamente.
Analistas destacam que a “uberização” do trabalho representa uma mudança estrutural: o uso de plataformas digitais como intermediárias entre prestador e consumidor remodela relações laborais.
Para o Banco Central, esse fenômeno tem “efeito direto” sobre ocupação, participação da força de trabalho e desemprego.
Por outro lado, especialistas alertam para os riscos à qualidade do trabalho: jornadas longas, baixos rendimentos médios e fragilidade nos direitos trabalhistas são aspectos evidenciados por estudos sobre plataformas digitais.