As apurações conduzidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público de São Paulo revelaram a utilização do futebol como meio para lavagem de dinheiro por integrantes do PCC. Nesse contexto, o ex-jogador Danilo Gabriel de Andrade, ídolo do Corinthians e campeão mundial em 2012, foi mencionado em mensagens obtidas em grupos de WhatsApp ligados a empresas de agenciamento de atletas. Segundo os investigadores, Danilo era procurado para oferecer avaliações técnicas sobre jovens jogadores da base alvinegra, funcionando como um “crivo” para a seleção de talentos que poderiam ser alvo de empresários sob investigação.
De acordo com os documentos anexados ao inquérito, o nome de Danilo surgiu em 2021, quando atuava como treinador do Sub-23 do Corinthians. À época, interlocutores da agência FFP Agency, sob suspeita de operar em benefício da facção, relatavam que o ex-meia apontava determinados atletas como promissores, entre eles Du Queiroz, então em processo de transição para o time profissional. As conversas sugerem que a validação de Danilo era considerada relevante para dar legitimidade às investidas de empresários. Até o momento, não há indícios de que o ex-jogador tivesse conhecimento do uso de suas opiniões em negociações relacionadas à lavagem de dinheiro.
As investigações sobre o caso seguem em curso e se inserem em um cenário mais amplo, que inclui mortes violentas, suspeitas de corrupção policial e conexões entre agentes de segurança e integrantes da facção. Ao citar Danilo Gabriel de Andrade, os investigadores destacam a forma como o prestígio esportivo pode ser instrumentalizado em redes de negócios que orbitam o futebol profissional. A análise reforça também os desafios de monitorar as fronteiras entre a carreira de atletas em formação, o mercado de agenciamento e a atuação de organizações criminosas que buscam legitimidade em setores de alta visibilidade social.