O evento “Conexões Amazônicas: Ciência e Rede para a COP30”, segue movimentando as pesquisas em rede na região até sexta, 26 de setembro. As atividades realizadas na Universidade Federal do Pará (UFPA), são marcadas por uma intensa agenda de debates, sessões técnicas e atividades colaborativas entre os pesquisadores, alinhamento institucional e articulação de novas parcerias voltadas às contribuições da Amazônia para a COP30, que acontecerá em novembro, em Belém.
A professora Lucineide Pinheiro, professora da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), relata que o workshop proporciona uma experiência estratégica de integração. “Estamos tendo acesso a uma diversidade de áreas, de profissionais com várias linguagens. É um momento fantástico de diálogo e construção coletiva para a Amazônia e para o mundo”, considera.
No dia 23, os trabalhos foram conduzidos pelo INCT-SINBIAM (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Serviços Ambientais da Amazônia), com foco no tema “Síntese de dados, cooperação em rede e ciência estratégica para a Amazônia”. De acordo com o professor Leandro Juen (ICB/UFPA), o INCT-SINBIAM é uma rede criada em 2023, transdisciplinar e interinstitucional, com vários centros de pesquisa de diferentes regiões do país.
A coordenação é dividida entre quatro instituições, sendo elas a Universidade Federal do Pará, a Universidade de Bristol (Inglaterra), UFAM e o IMPA. “Pela região Norte, nós temos nessa rede 17 instituições e 67 membros, com a maioria pertencente à Amazônia”, explica Juen.
Sessões técnicas apresentaram avanços nos eixos de pesquisa da rede, abordando desde ferramentas de integração de dados e indicadores ecológicos até estratégias para aplicação científica em políticas públicas e formação de profissionais para atuação na região.
Bethânia Oliveira de Resende, doutoranda (ICB/UFPA), destacou que o principal objetivo da rede é estabelecer trabalhos colaborativos de pesquisa e também fortalecer o desenvolvimento de uma base de dados ecológicos padronizados, a TAOCA.
“Essa ferramenta se destina à curadoria e validação de dados e registro de software. Fazemos a gestão dessa base para ofertar subsídios de pesquisa para estudantes e tomadores de decisão”, pontua a pesquisadora, que apresentou resultados de seu estudo com larvas de odonata, com foco nos biomas Cerrado e Amazônia, visando compreender os padrões de estruturação dessas comunidades.
Impactos Antrópicos e a Cobertura Florestal na Amazônia
Vagner Lacerda Vasquez, doutorando em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), apresentou dados dos impactos antrópicos sobre a Amazônia. Ele relatou o trabalho de identificação e sistematização de métricas ecológicas que melhor representam a integridade dos ecossistemas amazônicos em diferentes escalas espaciais.
“Eu trouxe duas classes em destaque aqui, no qual a gente pode ver que entre 1986 e 2023 houve uma redução da cobertura florestal na Amazônia de quase 10%”, acentua. Segundo o pesquisador, essas perdas se devem principalmente a um aumento nas atividades de agropecuária e silvicultura, com ênfase para o arco do desmatamento.
“Dados geoespaciais como esses, podem ser extremamente importantes e úteis para identificar mudanças macroecológicas, a fim de entender padrões que estão fazendo, por exemplo, alterações na distribuição das espécies, detectar áreas mais vulneráveis para diversos mamíferos, anfíbios, qualquer tipo de organismo. A gente pode usar esse tipo de dado para definir estratégias de conservação que sejam mais eficientes para a Amazônia”, ressalta.
Diretrizes e Ações Estratégicas para a COP30
Além das exposições, os participantes se organizam em grupos de trabalho temáticos, que discutem prioridades, cronogramas de entrega e ações de integração entre os diferentes eixos de pesquisa. As sínteses são apresentadas em plenária, resultando na construção de uma agenda estratégica comum, com destaque para possíveis contribuições ao documento Carta de Belém, que vem sendo elaborado coletivamente para representar a voz da ciência amazônica na COP30.
Hoje, 24, a programação continuou com o tema “Sociobiodiversidade, redes e estratégias para a Amazônia na COP30”, e destaca apresentações da Rede CISAM, reunião de integração dos PELDs da Amazônia convidados e debate orientado sobre como fortalecer a presença das redes amazônicas nas negociações climáticas.