Aos 24 anos, a britânica Francesca Jones vem transformando a sua história em inspiração dentro e fora das quadras. Nascida com displasia ectodérmica com ectrodactilia, condição genética rara que atinge menos de uma em cada 100 mil pessoas, ela possui quatro dedos em cada mão e já desafiou previsões médicas que apontavam para a impossibilidade de competir no tênis. Além da diferença física, a doença também afeta cabelo, pele, unhas, dentes e até a capacidade de regular a temperatura do corpo, o que torna cada partida um desafio ainda maior.
Para o médico Pablo Rodrigues, coordenador de genética e medicina genômica da Beneficência Portuguesa, o impacto vai além da funcionalidade. “É uma condição bastante grave. Isso, sem dúvida, mexe não só com aspectos funcionais, mas também com a autoestima da pessoa. Pacientes que têm displasias ectodérmicas costumam ter um prejuízo na parte social, na parte de relação, devido ao aspecto físico”, explica. Essa dificuldade é agravada pela redução das glândulas sudoríparas, que compromete a troca de calor e pode provocar episódios de desmaio, situação vivida por Jones em abril, durante o WTA 250 de Bogotá.
Superação e Resiliência no Esporte
Mesmo com essas barreiras, Francesca mantém o foco e adapta sua rotina de treinos e competições de forma rigorosa. A atleta já passou por mais de dez cirurgias para corrigir limitações, mas nunca deixou de perseguir seus objetivos. “Sou só diferente”, costuma dizer, reforçando que a singularidade não a define como menos capaz. Sua trajetória mostra que, com disciplina, apoio médico multidisciplinar e superação, o esporte pode ser um espaço de resiliência e acolhimento para aqueles que enfrentam condições raras.