A campanha “Setembro em Flor”, criada pelo Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos – EVA, composto por profissionais de saúde e pesquisadores, tem como objetivo conscientizar mulheres sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce dos cinco principais tipos de câncer ginecológico: colo de útero, ovários, endométrio, vulva e vagina. A iniciativa reforça que a grande maioria desses casos é evitável, mas que muitas mulheres ainda desconhecem essa informação.
De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), estão previstos 704 mil novos casos de câncer no Brasil em 2025, sendo cerca de 30 mil relacionados aos órgãos do sistema reprodutor feminino. Entre os tipos mais incidentes estão o câncer de colo do útero, seguido pelos de endométrio e ovário. Já os cânceres de vulva e vagina são raros, mas demandam atenção especial.
Câncer de colo do útero
É o tipo de câncer ginecológico mais comum, com aproximadamente 17 mil casos anuais no Brasil e mais de 6.600 óbitos. Na região Norte, chega a superar até o câncer de mama em incidência. O HPV é responsável por cerca de 90% dos casos, mas a prevenção ainda não atinge toda a população: pesquisa do Instituto Locomotiva, com orientação do Grupo EVA, revelou que 57% das brasileiras desconhecem a relação entre HPV e câncer de colo do útero.
Principais sintomas: sangramentos vaginais anormais, corrimento com odor, dor durante relações sexuais e dor pélvica ou lombar persistente.
Mary Valente, ginecologista do Centro de Tratamento Oncológico (CTO), reforça que prevenção é essencial. “Se conseguirmos vacinar em massa contra o HPV, incentivar o uso de preservativos e garantir exames preventivos anuais para mulheres a partir dos 25 anos, estaremos no caminho da erradicação do câncer de colo do útero”, justifica. O teste molecular DNA-HPV, que começa a ser oferecido pelo SUS, é quatro vezes mais eficaz que o Papanicolau na detecção de lesões precursoras.
Câncer de ovário
Terceiro mais comum entre os ginecológicos, com 7.310 casos anuais, o câncer de ovário é também o que mais mata, com cerca de 4 mil óbitos por ano, principalmente porque 80% dos diagnósticos ocorrem em estágios avançados.
Principais sinais: dor e aumento abdominal, náuseas, sensação de saciedade precoce, cansaço persistente e perda de peso inexplicável.
Câncer de endométrio
Surge no revestimento interno do útero, é o segundo tipo mais frequente, com 7.840 casos anuais, e ocorre principalmente em mulheres após a menopausa.
Sintomas: sangramento vaginal anormal entre ciclos menstruais ou após a menopausa. Mary Valente alerta: “Como não existem exames preventivos específicos para o câncer de endométrio, é essencial manter consultas ginecológicas em dia e estar atenta aos sinais do corpo.”
Cânceres de vulva e vagina
Raros, de crescimento lento, mas igualmente importantes. Mais comuns após a menopausa e associados ao HPV, exigem atenção aos sinais iniciais para aumentar as chances de cura.
Sinais de alerta: coceira persistente, sangramentos fora do período menstrual, presença de caroços, manchas ou feridas e corrimento com odor.
Setembro em Flor: prevenção e conscientização
A campanha é uma ferramenta essencial para disseminar informações sobre os cinco cânceres ginecológicos, reunindo prevenção, diagnóstico precoce e conhecimento sobre tratamento. Mary Valente destaca: “Quanto mais falarmos sobre o tema, mais mulheres terão acesso a informações de qualidade e mais vidas serão salvas.”
Cinco medidas de prevenção fundamentais:
1. Tomar a vacina contra o HPV
2. Realizar o exame Papanicolau a partir dos 25 anos
3. Perguntar ao ginecologista sobre o teste DNA-HPV
4. Fazer rastreamento caso haja histórico familiar de câncer de mama ou ovário
5. Combater a obesidade com alimentação saudável e exercícios físicos