
Mais do que uma sobremesa, o sorvete paraense tem conquistado o mundo por conta da sua originalidade ao criar sabores a partir de iguarias amazônicas. “O de tapioca é o carro-chefe”, aponta Fátima Fernandes, gerente da sorveteria Ice Club, no Marco.

Segundo ela, ao longo dos anos, os comerciantes têm buscado cada vez mais inovações, e em 2025 o foco das sorveterias é agradar também aos estrangeiros. “Nós criamos um sorvete para a COP. Vários fizeram, mas a gente quis focar no regional, de forma simples. O nosso especial é chamado de Siriá e vem com o sorvete de tapioca, que é o principal, enriquecido com barra de chocolate meio amargo e doce de cupuaçu por cima. Pense em um sorvete que está fazendo sucesso. Está há cinco meses no cardápio, mas já foi muito bem aceito”, afirma.
Zilmar Rodrigues, 56, professor de Natal, conta que sempre que passa por Belém não deixa de experimentar os sorvetes regionais. “Pelo menos essa é a décima vez que venho a Belém. O primeiro local que procuro é a Estação das Docas, por conta da diversidade de frutas e sabores que você não encontra em lugar nenhum”, elogia. Para ele, o melhor é o de açaí. “O açaí daqui é muito diferente do nosso lá. O de uxi também, você não encontra em outros estados. Uma característica bacana daqui é que, em outros lugares, o sorvete geralmente é muito doce, e aqui é mais equilibrado”, completa.
Fátima Fernandes ressalta que a qualidade do sorvete depende diretamente dos produtos utilizados. “Nós trabalhamos com ingredientes frescos. O açaí, por exemplo, compramos no Ver-o-Peso e beneficiamos aqui mesmo. O coco, ralamos na própria loja, porque ele é a base do sorvete de tapioca. Flocos e castanha-do-pará também vêm sempre fresquinhos. Acreditamos que, para ter um bom sorvete, é preciso começar com matéria-prima de ótima qualidade”, explica. Ela destaca ainda o papel do mestre sorveteiro, que precisa estar atento na escolha dos fornecedores, no preparo e no acondicionamento correto.
“Os sorvetes de frutas, por exemplo, precisam seguir fielmente o sabor da fruta. Ter a fruta in natura, 100% natural, faz a diferença. No caso do abacaxi, um dos mais gostosos que temos, vamos todo dia ao Ver-o-Peso comprar. O sabor fica acentuado e a gente recebe esse feedback dos clientes”, completa.
Ionelli Azevedo, 67, socióloga, concorda que as frutas regionais fazem de Belém uma referência no país. “Nossas frutas têm um diferencial. O Pará tem uma variedade enorme, e é isso que incrementa o sabor”, avalia. Mas o seu preferido vem de fora: o de milho verde.
Para saber mais
Nesta terça-feira, 23, comemora-se em todo o Brasil o Dia Nacional do Sorvete. A data foi instituída em 2002 pela Associação Brasileira das Indústrias do Setor de Sorvete (ABIS). Embora pouco influencie a Região Norte, no centro-sul do país os últimos dias de setembro são bastante celebrados, pois marcam o fim do inverno e a retomada da alta temporada de consumo de alimentos gelados.