
Belém se prepara para a COP30, em novembro de 2025. Para suprir a carência de acomodações na capital paraense, dois gigantes dos mares vão ancorar no porto da cidade e se transformar em hotéis flutuantes: o MSC Seaview e o Costa Diadema. Juntos, eles vão somar 3.900 cabines e capacidade para mais de 6 mil hóspedes, oferecendo uma experiência única durante o maior evento ambiental do mundo. Os navios-hotel para a COP30 ficarão atracados no Porto de Outeiro, em Belém, na Ilha de Caratateua, ficando a 20 kms do centro da capital.
Se hospedar em um navio é bem diferente de ficar em um hotel tradicional. Os passageiros terão cabines de vários estilos — das internas, mais simples e sem janelas, às suítes com varanda e vista panorâmica para a Baía do Guajará. Cada cabine tem banheiro privativo, serviço de arrumação diário e acesso a áreas comuns como restaurantes, bares, piscinas e academias.
O grande diferencial é a localização: os visitantes terão a oportunidade de acordar todos os dias com o visual das águas amazônicas e da cidade ao fundo, em um cenário que mistura o urbano e o natural. “É como estar em um resort, só que flutuando”, resume a consultora de turismo Adriana Moraes, especializada em cruzeiros. Segundo ela, a sensação é de estar viajando, mesmo sem o navio sair do lugar.
Belém conta atualmente com cerca de 53 mil leitos em hotéis e pousadas, número insuficiente para a demanda prevista do evento. A chegada dos navios representa um reforço estratégico para evitar a superlotação da cidade e garantir conforto aos visitantes.
“Estamos garantindo a participação de todos os países para que todos estejam presentes em Belém. Conseguimos, com negociações muito intensas, oferecer acomodações a preços bem inferiores aos do mercado até então”, informou o secretário extraordinário da COP30, Valter Correia.
A contratação dos navios integra a estratégia mais ampla do Governo Federal para aumentar a oferta de hospedagem em Belém durante a COP30. O objetivo é garantir condições adequadas e acessíveis para os milhares de participantes da conferência, reforçando o compromisso do Brasil com uma COP inclusiva, sustentável e bem-sucedida.
Experiência inédita na Amazônia
Para muitos, dormir em um navio ancorado na Amazônia será uma experiência inesquecível. Além da proximidade com a natureza, os hóspedes poderão vivenciar o encontro entre cultura local e infraestrutura internacional.
Belém já se prepara para oferecer uma programação paralela, com feiras gastronômicas, apresentações culturais e passeios turísticos. Além disso, aquelas delegações que forem se hospedar nos navios MSC Seaview e Costa Diadema durante a COP30 terão uma visão privilegiada de Belém e da Baía do Guajará, algo que nenhum hotel tradicional da cidade consegue oferecer. Essa perspectiva vai variar de acordo com a posição da cabine e o andar do navio, mas em todos os casos o cenário será marcante: água, floresta e cidade se encontrando em um só horizonte.
Logo ao amanhecer, os hóspedes serão recebidos por tons de laranja e dourado refletidos nas águas calmas da baía. Belém costuma ter nasceres do sol espetaculares, especialmente no período da manhã, quando o calor ainda não é intenso e a umidade cria um efeito de névoa suave sobre os rios.
Quem estiver nas varandas ou áreas abertas dos decks mais altos verá barcos regionais — rabetas, catraias e embarcações maiores — cruzando o rio em direção ao Ver-o-Peso e ao porto, compondo uma cena típica da vida amazônica.
Durante o dia, a partir dos navios, será possível ver boa parte do centro histórico de Belém, incluindo as torres da Basílica de Nazaré, o Mercado do Ver-o-Peso, a Estação das Docas e alguns dos prédios mais altos da cidade. À medida que a maré sobe ou desce, a paisagem muda, revelando áreas de várzea e pequenos igarapés que conectam a capital à floresta.
À noite, o espetáculo é outro: as luzes da cidade se refletem no rio, criando um cenário romântico e único. Os hóspedes poderão ver a movimentação do Complexo Estação das Docas, que ficará iluminado e deve ser um dos pólos culturais da COP30, além de fogos e apresentações especiais que provavelmente ocorrerão durante o evento.
Nos decks superiores, bares e restaurantes com janelas panorâmicas permitirão jantares com vista para a Amazônia urbana, algo raro mesmo para os moradores locais.
Rotina a bordo
A programação diária será ajustada ao ritmo da COP30. O embarque está previsto para começar no início de novembro, com transporte terrestre organizado do aeroporto e hotéis até o porto. Nos navios, como nos hotéis, o dia começa com café servido em buffets que variam de pratos regionais a opções internacionais. Em seguida, ônibus farão o traslado até os locais do evento, espalhados por Belém, incluindo o Hangar Centro de Convenções e a Estação das Docas.
Ao final do dia, os hóspedes retornarão aos navios para jantar e participar de atividades de lazer, que incluem, além de piscinas e tobogãs, shows, cinema, bares temáticos e até spas, que estarão à disposição. Por questões de segurança, o acesso será restrito a quem estiver hospedado, com controle de entrada similar ao de aeroportos, incluindo revista de bagagens e credenciais emitidas previamente.
Curiosidades dos navios
MSC Seaview
Possui 19 decks, piscinas de borda infinita e até uma tirolesa de 105 metros.
Gastronomia com restaurantes de especialidades italianas, frutos do mar e culinária internacional.
Costa Diadema
Considerado a “joia” da frota da Costa Cruzeiros.
Espaços dedicados ao bem-estar, como o Samsara Spa, além de bares temáticos inspirados na cultura italiana.
Durante a COP30, ambos ficarão permanentemente atracados, funcionando como grandes hotéis com todos os serviços operando normalmente.





