Pará - Hoje, 19, a partir das 17h, o Memorial dos Povos recebe o lançamento oficial da 49ª Festa da Chiquita, um dos eventos mais tradicionais e inclusivos do calendário cultural paraense. Com entrada franca, a programação reúne atrações culturais, roda de carimbó, o desfile do Garoto Chiquito, concurso da Drag da Chiquita e performances de drags ícones da cena noturna de Belém.
Além de celebrar a diversidade, o lançamento também apresenta o tema desta edição: “Chiquita na COP30: Exclusão social – os riscos para a população LGBTQIAPN+ na Amazônia”. A proposta é dialogar com a agenda climática internacional e chamar atenção para a vulnerabilidade social enfrentada por pessoas LGBTQIAPN+ em contextos de desigualdade e crise ambiental na região amazônica. Com isso, a Chiquita reforça sua história de militância e e promete manter a irreverência de sempre.
A história da Chiquita começa em 1978, pelas mãos do sociólogo carioca Luís Bandeira, sob o nome “Filhas da Chiquita” ou “Festa da Maria Chiquita”. Era um evento ousado para a época, que já nascia como um grito pela liberdade dos corpos dissidentes em praça pública.
Mas foi com o cantor, performer e ativista paraense Eloi Iglesias que a festa se consolidou como patrimônio afetivo e político da cena LGBTQIAPN+ da Amazônia. Em um palco aberto, na Praça da República, a festa tradicionalmente toma espaço na noite do sábado que antecede a grande procissão do Círio de Nazaré, iniciando logo após a passagem da procissão da Trasladação pela avenida Presidente Vargas, sob as bênçãos da virgem de Nazaré.
Com sua voz e interpretação cheias de personalidade, figurinos marcantes e irreverência inconfundível, ele transformou a Festa da Chiquita em algo maior que uma celebração: em um ato de resistência, para travestis, drags, gays, lésbicas, bissexuais, pansexuais e trans ocuparem a cidade e reafirmarem seu direito de existir, brilhar e festejar.
Há 21 anos a Festa da Chiquita é reconhecida como patrimônio cultural imaterial pelo Iphan-Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (2004), e pela Unesco, e este ano recebeu o reconhecimento do 38° Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, também concedido pelo Iphan, como uma das manifestações culturais mais bem avaliadas do Brasil na região Norte.