
O União Brasil determinou, nesta quinta, 18, que todos os seus filiados ocupando cargos no governo federal, incluindo ministros, entreguem seus postos em um prazo máximo de 24 horas. A decisão atinge diretamente o ministro do Turismo, Celso Sabino, que comanda a pasta desde julho de 2023 e é deputado federal licenciado pelo partido no Pará.
A orientação foi aprovada pela Executiva Nacional do União Brasil durante reunião em Brasília, marcando um rompimento definitivo da legenda com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo a resolução, quem não cumprir a ordem poderá ser enquadrado por infidelidade partidária, abrindo espaço para processos internos e até perda de mandato eletivo.
De acordo com dirigentes do partido, a decisão vale para todos os cargos de livre nomeação e confiança, desde assessorias em ministérios até presidentes de autarquias e estatais. A legenda quer consolidar sua posição como oposição formal ao governo federal, após meses de tensão e divergências na base aliada.
Celso Sabino, um dos principais nomes do União Brasil no Norte, ainda não se manifestou publicamente sobre se pretende entregar o cargo ou resistir à determinação. Nos bastidores, a saída dele é considerada inevitável, já que o partido sinalizou que não aceitará exceções.
A crise ocorre em um momento de desgaste entre o Palácio do Planalto e partidos do chamado Centrão. A perda do comando do Turismo representa não apenas uma derrota política para Lula, que vinha tentando manter espaços ocupados por siglas de centro-direita, mas também um impacto direto na articulação do governo na Amazônia e na preparação de projetos estratégicos, como a COP30, prevista para 2025 em Belém.
Com o prazo estipulado, Celso Sabino tem até amanhã para decidir se seguirá a orientação do União Brasil ou se tentará permanecer no ministério, o que pode abrir uma disputa jurídica e política envolvendo a fidelidade partidária.
30 DIAS
Na primeira semana de setembro, em encontro com o presidente Lula no Palácio da Alvorada, Celso Sabino revelou que pretendia permanecer no governo mesmo após o União Brasil dar 30 dias para que ele deixasse a gestão petista.Da conversa, participaram também o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e os ministros Waldez Góes (Integração Nacional), Frederico Siqueira Filho (Comunicações) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais).
De acordo com relatos, Sabino deixou claro a Lula o desejo de seguir à frente da pasta e afirmou que irá conversar com o comando da sua legenda. Na mesma semana, as cúpulas nacionais do PP e do União Brasil decidiram proibir todos os filiados de ocuparem cargos no governo, o que afeta o futuro de Sabino e do ministro do Esporte, André Fufuca (PP) no governo. O presidente do União Brasil, Antônio Rueda, afirmou que, em caso de descumprimento da determinação, haverá afastamento dos filiados da legenda.