DIÁRIO NA EUROPA

A Cidade das Cerejas é cosmopolita e tem o charme do interior

Uma cidade portuguesa que mistura tradição e diversidade cultural, onde 70 nacionalidades convivem em harmonia e a vida no interior ganha um toque cosmopolita.

Fundão, Portugal: a cosmopolita cidade do interior onde 70 nacionalidades convivem em harmonia. Foto: Sérgio Augusto
Fundão, Portugal: a cosmopolita cidade do interior onde 70 nacionalidades convivem em harmonia. Foto: Divulgação

A cidade do Fundão fica no interior do distrito de Castelo Branco e tem 26 mil habitantes. Mas desse total há uma peculiaridade: a população abriga pessoas de 70 nacionalidades diferentes, em 700 quilômetros quadrados. É uma Torre de Babel onde, no entanto, todos se entendem. O município tem aquele charme de cidade do interior mas ao mesmo tempo cosmopolita.

Ouve-se pelas ruas inglês, francês, alemão, italiano e outras línguas. Os brasileiros estão lá e se dizem orgulhosamente “Brazucas”, que no município, longe de ser pejorativo, significa um sujeito quando em estado de graça.

Estão lá também as praças, igrejas e outras paisagens pitorescas que a gente só encontra na região Centro de Portugal. As aldeias, com suas casas feitas em pedra, são uma viagem ao passado. E não podem faltar a Serra da Gardunha e a Serra da Estrela, onde todo ano a neve cai e deixa a o cenário todo pintado de branco.

Pastel de cereja

Em latim, Fundão significa propriedade. Há séculos os queijos, castanhas, os azeites e especialmente as cerejas são ali apreciados. Muitos, inclusive, acreditam que as cerejas que dali brotam são as melhores do mundo. São por volta de seis mil toneladas do fruto produzidas a cada ano. E essa pujança já fez surgir delícias gastronômicas, como o pastel de cereja do Fundão.

São quase 30 mil habitantes mas, em um rápido passeio pela cidade, a gente tem a impressão que todos se conhecem. A gentileza é a regra no Fundão e as crianças vão e voltam da escola sozinhas. Chegar lá, partindo da cidade do Porto, é uma viagem, literalmente. Pega-se o trem e, após trocar de veículo na estação do Entroncamento, a chegada ao Fundão acontece mais ou menos cinco horas depois.

As paisagens são calmantes e o céu parece um convite ao descanso. Esse é o Fundão que me abriu as portas e onde ainda vou voltar para mais alguns dias de contemplação e descobertas. Fundão e Brazuca: feitos um para o outro.

*Sérgio Augusto do Nascimento é um jornalista paraense que vive em Portugal. Foi repórter e editor e hoje é correspondente do DIÁRIO na Europa.