SÓ CONFUSÃO

Condomínio onde Bolsonaro cumpre prisão vira palco de tensão e brigas

Não há mais paz no condomínio onde o ex-presidente Jair Bolsonaro cumpre prisão domiciliar.

Fachada do condomínio Solar de Brasília, onde mora e cumpre prisão domiciliar o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Fachada do condomínio Solar de Brasília, onde mora e cumpre prisão domiciliar o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Não há mais paz no condomínio onde o ex-presidente Jair Bolsonaro cumpre prisão domiciliar. O que era antes um pacato local onde a classe média alta de Brasília escolheu para viver, tornou-se um “ringue” entre os que apoiam o ex-presidente e os que são contra a permanência dele e da família no local. Uma festa realizada pelos moradores do Condomínio Solar de Brasília no último final de semana, levantou faíscas de ambos os lados.

Um churrasco com picanha, vinho e cerveja na última sexta, virou motivo de briga no grupo de WhatsApp dos moradores. A comemoração, organizada para celebrar a condenação do ex-presidente pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, dividiu a vizinhança.

O encontro começou de forma discreta: alguns moradores se reuniram em torno da churrasqueira, abriram garrafas de vinho e brindaram à sentença de 27 anos e 3 meses de prisão. No dia seguinte, contudo, a festa, restrita à casa de um dos moradores, virou assunto no grupo.

No sábado, logo cedo, as mensagens começaram a se acumular e não pararam mais. Uns contra as comemorações. Um morador escreveu: “Ridículo. Não quero que isso se repita aqui”. Outro foi mais direto: “Não vamos permitir esse tipo de comemoração no condomínio”.

Entre ironias e ressentimentos, surgiram mensagens de quem se sentiu excluído: “Chateado por não ter sido chamado para o churrasco”. Outros tentaram aliviar: “Não fiz, mas abri um vinho”, que recebeu a réplica sarcástica: “O erro foi não compartilhar”.

Enquanto alguns tentavam rir da situação, outros elevaram o tom. “Se continuar assim, vou pedir a exclusão de quem provocou essa situação”, avisou um vizinho.

Repercussão da Condenação de Bolsonaro no Condomínio

MANIFESTAÇÕES POLÍTICAS
Antes mesmo da condenação de Bolsonaro, o grupo, que era usado para avisos triviais sobre portaria, vaga de garagem e barulho fora de hora, já vinha sendo palco de manifestações políticas.

Houve também tentativas de apaziguar. Um morador escreveu: “Tá dentro da casa da pessoa, tá em paz. Não incomodando ninguém e nem infringindo nenhuma lei do condomínio. Logo, paz!”. Mas o apelo não teve efeito.

No meio da confusão, sobrou para o administrador do grupo tentar acalmar os ânimos. Ele pediu calma e lembrou que o espaço não era arena política, mas avisou sobre possíveis punições: “Só vi agora essa vergonha que fizeram ontem. Essa é a última vez que aviso. Na próxima, removerei do grupo”.

Em seguida completou: “Comemorem ou falem o que quiser com seus familiares. Agora, ficar querendo chamar atenção em grupinho de WhatsApp de condomínio? Pelo amor de Deus”.

Impacto da Prisão Domiciliar

Na última quinta-feira, Bolsonaro foi condenado por organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
A pena de 27 anos e 3 meses foi recebida como marco histórico pelos opositores — e como tragédia pelos apoiadores.

Além do impacto político, a presença de Bolsonaro em prisão domiciliar já gerou irritação entre vizinhos, que relatam que o sossego se perdeu com a presença constante de policiais e da imprensa. O contraponto também é verdadeiro: parte da vizinhança avalia que o policiamento tornou o condomínio de alto padrão, localizado no bairro nobre do Jardim Botânico, ainda mais seguro.