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Bolsonaro passa por exames e procedimentos médicos após condenação pelo STF

Foi a primeira vez que o ex-presidente deixou sua residência após a condenação pela Primeira Turma do STF.

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Três dias após ser condenado pela trama golpista, o ex-presidente Jair Bolsonaro deixou a prisão domiciliar na manhã dester domingo, sob escolta policial e mega esquema de segurança, para passar por exames e procedimentos médicos em um hospital de Brasília. O boletim divulgado logo após a alta, na tarde de ontem, apontou quadro de anemia. Já a tomografia mostrou imagem residual de uma pneumonia recente. O estado de saúde de Bolsonaro tende a embasar um pedido de sua defesa ao Supremo Tribunal Federal (STF) para o cumprimento de pena em regime domiciliar.

Foi a primeira vez que o ex-presidente deixou sua residência após a condenação pela Primeira Turma do STF. Como está em prisão domiciliar por suspeita de obstrução de justiça desde o início de agosto, Bolsonaro precisou de autorização do ministro Alexandre de Moraes para poder fazer o deslocamento.

O boletim médico indicou necessidade de tratamento para “hipertensão arterial, do refluxo gastro-esofágico e medidas preventivas de broncoaspiração”. “Os exames laboratoriais evidenciaram quadro de anemia por deficiência de ferro e a tomografia de tórax mostrou imagem residual de pneumonia recente por broncoaspiração”, conclui o texto.

Ainda segundo o hospital, Bolsonaro retirou oito lesões na pele durante sua estadia. A ida à unidade tinha como intuito retirar duas lesões: uma benigna (pinta no tronco) e outra ainda desconhecida que será levada à biópsia.

– Ele está com a saúde bastante fragilizada, e nós seguiremos acompanhando as condições dele – disse o médico Cláudio Birolini, chefe da equipe cirúrgica do hospital.

A ida ao hospital contou com um forte esquema de segurança. As medidas incluíram escolta policial, varredura na porta da unidade e até revista em mochilas de apoiadores do ex-presidente que o aguardavam no local.

Pelo menos oito viaturas policiais descaracterizadas acompanharam o carro de Bolsonaro até o hospital DF Star, na Asa Sul, enquanto um helicóptero também seguia o comboio ao longo de todo o trajeto. Quando ele chegou à unidade, às 8h, as principais ruas de acesso estavam parcialmente fechadas, com a polícia realizando vistorias em veículos suspeitos. O cerco de segurança ocupava todo o quarteirão do hospital, do qual o ex-presidente saiu às 13h50.

Cerca de 50 policiais participaram do esquema. O comboio fez um trajeto mais longo para chegar à unidade a fim de não passar por onde fica localizada a maioria das embaixadas em Brasília, das quais Bolsonaro precisa manter distância.

O vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PL-RJ) acompanhou o pai e criticou a magnitude do esquema de segurança. “Homens fardados e armados vigiam como se um senhor de 70 anos pudesse fugir por uma janela, assim como fazem em sua prisão domiciliar”, escreveu nas redes sociais.

Após receber alta, o ex-presidente saiu do hospital pela porta da frente acompanhado de Carlos e de outro filho, Jair Renan. Antes de entrar no carro que o levaria de volta para casa, ficou em pé por cerca de cinco minutos enquanto apoiadores entoavam gritos como “volta, Bolsonaro” e “anistia já”. Eles também cantaram o hino nacional. Com semblante sério, Bolsonaro cumprimentou com a cabeça alguns policiais que faziam parte da escolta, mas não falou nada aos eleitores.

Os procedimentos feitos ontem foram considerados simples se comparados às intervenções médicas realizadas pelo ex-presidente nos últimos meses. Em abril, ele foi submetido a uma cirurgia de grande porte de reconstrução da parede abdominal, que durou 12 horas. Depois, ficou 21 dias internado.

No mês passado, quando já estava em prisão domiciliar, Bolsonaro foi ao hospital para fazer uma série de exames. Após quase cinco horas, um boletim médico informou que havia persistência de esofagite e gastrite, além de “imagem residual” de infecções pulmonares recentes.

Bolsonaro vem sofrendo com um quadro de soluços frequentes, que nos momentos de crise o impedem de falar e o fazem vomitar. A condição é uma das sequelas do ataque a faca sofrido por ele durante a campanha eleitoral de 2018.

Agora, a defesa precisará entregar um atestado médico ao STF num prazo de até 48 horas. O estado de saúde delicado de Bolsonaro tende a basear um pedido da defesa para que ele cumpra a pena em regime domiciliar. Essa manifestação deve ser feita após a publicação do acórdão do julgamento encerrado nesta sexta-feira.

Medidas adotadas:

Viaturas e helicóptero

Pelo menos oito viaturas policiais descaracterizadas acompanharam o carro de Jair Bolsonaro até o hospital DF Star, localizado na Asa Sul, em Brasília. Um helicóptero também seguiu o comboio ao longo de todo o trajeto.

Trajeto alternativo

Por causa da proibição de se aproximar de embaixadas, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro fez um caminho alternativo ontem para chegar ao hospital. O comboio não passou por onde fica a maioria das representações diplomáticas da capital federal. A proibição foi determinada no âmbito do caso, que também envolve o deputado Eduardo Bolsonaro, sobre tentativa de obstrução

de justiça. A PF apontou indícios de risco de fuga do país.

Varredura e revista

A porta do hospital passou por uma varredura antes da chegada de Bolsonaro, e mochilas e bolsas dos cerca de 30 apoiadores que aguardavam o ex-presidente no local passaram pela revista policial.

Fechamento de ruas

Na chegada de Bolsonaro ao hospital, as principais ruas de acesso à unidade de saúde estavam parcialmente fechadas, com a polícia promovendo vistorias em veículos suspeitos. O cerco de segurança ocupava todo o quarteirão do DF Star.

Texto de: Patrik Camporez, Bernardo Lima e Eduardo Gonçalves