
Um filtro feito a partir de resíduos da mineração, que se acopla ao sistema de exaustão de veículos e máquinas pesadas para capturar carbono e que, depois de utilizado, ainda pode ser reaproveitado e transformado em outro material. Esse é o projeto Filter+, o grande vencedor do 2° Hackathon da Jornada COP+ e do prêmio de R$20 mil. A competição chegou ao fim neste sábado, 13, após 33 horas de imersão, em que profissionais, estudantes e pesquisadores trabalharam na criação de soluções que ajudem a descarbonizar a mineração no Pará. Ao todo, dez projetos foram criados e submetidos à avaliação de banca de jurados especialistas em mineração e negócios.
O engenheiro bioquímico e mestrando em biotecnologia, Jonas Cunha, foi um dos idealizadores do Filter+. A equipe foi toda formada por engenheiros bioquímicos, estudantes de pós-graduação em biotecnologia da Universidade Federal do Pará (UFPA). Para ele, o Hackathon foi uma maratona de aprendizado sobre o universo da mineração. “Foram três dias tentando entender quais são os desafios da mineração para poder desenvolver o Filter +. Mas a gente não estava satisfeito só com a criação do filtro, a gente descobriu uma forma de que quando esse filtro saturasse completamente, ele fosse transformado em um bloco de concreto, conseguindo dar duas funções para um projeto só”, explicou.
O segundo lugar ficou para o projeto Reflora C+, uma plataforma digital de seleção inteligente de espécies que oferecem mais carbono, e que pretende garantir maior eficiência em projetos de reflorestamento de áreas degradadas pela mineração. O projeto que foi premiado com o valor de R$10 mil foi liderado pela bióloga e pós-doutoranda do Instituto Tecnológico Vale, Priscila Sanjuan. Em sua primeira vez em um hackathon, ela trouxe uma ideia de projeto, que logo foi abraçada por estudantes de outras áreas. “Eu cheguei sozinha, sem nenhum colega, sem ninguém conhecido e muito curiosa para saber como funcionava. Eu nunca tinha participado, meu mundo é aquele mundinho da pesquisa. Então para mim era tudo muito novo e, para minha surpresa, os meninos apostaram, gostaram da minha ideia. Eu tinha uma bagagem técnica a respeito do assunto que vem da ciência, que não foi planejada para sair desse escopo. E a construção com eles trouxe outros olhares, outros questionamentos e níveis de conhecimento, o que foi muito enriquecedor para mim e para o resultado final”, contou.
O projeto LOC B ficou em terceiro lugar e ganhou o prêmio de R$5 mil. O projeto consiste em um mapeamento inteligente de uso e armazenamento de CO2 dentro do processo mineral, promovendo segurança para minas e reduzindo emissões. Todos os membros da equipe são estudantes de Engenharia da Computação do Centro Universitário do Pará (CESUPA). “A experiência do hackathon foi incrível. O hackathon consegue reunir mentes brilhantes para ideias novas ou para melhorar algo que já existe. A gente não conhecia o universo da mineração, não sabia como funcionava a ingestão de carbono no solo e o hackathon teve essa visão de mostrar pra gente que a mineração é algo muito potente e amplo. Os mentores também foram essenciais para a construção do projeto”, destacou o universitário Pedro Belchior.
A banca de jurados foi formada por: Lourival Ferreira, diretor de Projetos Valor Social Norte da Vale; Carlos Eduardo Neves, vice-presidente de Operações da Hydro; Érika Amoras, gerente executiva do Sindicato das Indústrias Minerais do Estado do Pará (Simineral); Daniel Sobrinho, diretor da Federação das Indústrias do Estado do Pará e coordenador estadual da Absolar no Pará; e Anderson Santos, gerente executivo do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM).
Para Anderson Santos, o 2° Hackathon da Jornada COP+ foi um sucesso desde a escolha do tema: a sustentabilidade na mineração. “Não tinha como o IBRAM não estar presente aqui, porque trata justamente da mineração sustentável, de como buscar a descarbonização do setor mineral. Estamos às vésperas de uma COP aqui em Belém e a mineração precisa estar sentada na mesa, discutindo e tratando sobre esse tema tão importante. Até porque não tem como a gente falar sobre descarbonização, transição energética, energias renováveis e limpas sem falar dos minerais críticos”, pontuou o gerente executivo do IBRAM.
O jurado destacou a excelência dos projetos desenvolvidos na competição. “Diversos projetos que foram apresentados realmente trazem soluções inovadoras, pois muitas empresas de mineração têm investido em inovação e tecnologia justamente para conseguir buscar soluções para a descarbonização. O projeto vencedor falava sobre a inovação com o rejeito de mineração, fazendo a captura do carbono e transformando isso. Foi muito gratificante poder ver todos esses projetos brilhantes”, concluiu.
O 2° Hackathon da Jornada COP+ foi realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA). A Jornada COP+ também é realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Instituto Amazônia+21, correalizada pela Hydro e tem patrocínio super master da Vale e da Albras, e patrocínio premium da Guamá Tratamento de Resíduos, da SINOBRAS e da Bayer. A iniciativa foi idealizada pela Temple Comunicação e tem o apoio da Ação Pró-Amazônia, Consórcio Interestadual Amazônia Legal, Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), SESI e SENAI.
*Texto de Mayra Leal