O Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB), unidade do Exército Brasileiro sediada na Zona Oeste do Rio de Janeiro, é referência internacional na capacitação de profissionais civis e militares para missões de paz em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) e com a Organização dos Estados Americanos (OEA).
O CCOPAB é reconhecido por sua excelência na preparação para atuação em missões de paz e operações de caráter humanitário, tanto em território nacional quanto internacional. Segundo o comandante do Centro, Coronel Adenir Fernandes Nogueira, a instituição se destaca por sua estrutura “conjunta”, que integra militares das três Forças Armadas, e “combinada”, ao contar com a participação de instrutores de nações parceiras.
Criado em 2005, o Centro surgiu para preparar militares, policiais e civis brasileiros que atuariam na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH), conduzida pela ONU entre 2004 e 2017. Responsável pela capacitação para missões de paz e operações humanitárias, o CCOPAB foi essencial para garantir que os contingentes brasileiros enviados ao Haiti estivessem tecnicamente preparados e alinhados aos padrões internacionais de atuação em ambientes complexos e instáveis.
O Brasil exerceu um papel de liderança na MINUSTAH, com a condução do componente militar da missão sob comando brasileiro por mais de 13 anos. Durante esse período, mais de 37 mil militares brasileiros passaram pelo Haiti, muitos deles treinados ou atualizados por meio de cursos e estágios coordenados ou desenvolvidos com a contribuição do CCOPAB.
“Nossos cursos são planejados com alto grau de realismo, visando preparar profissionais para atuarem em cenários complexos e reais. Formamos, por exemplo, observadores militares que serão empregados diretamente em missões de paz. O simples ato de integrar uma operação desse tipo já simboliza o compromisso do Exército Brasileiro com a promoção da paz mundial”, afirmou o Coronel.
O CCOPAB oferece cursos certificados pela Organização das Nações Unidas (ONU) e caminha para se tornar a instituição com o maior número de certificações na América Latina, consolidando ainda mais seu protagonismo na formação de profissionais para operações de paz.
Estágio de Preparação de Jornalistas e Assessores de Imprensa
Entre os dias 1º e 5 de setembro, o Centro realizou o Estágio de Preparação de Jornalistas e Assessores de Imprensa para Atuação em Áreas de Conflito (EPJAIAC), encerrando uma semana de capacitação intensiva. O Diário do Pará esteve presente na turma de 2025, representado por mim, Carla Azevedo, juntamente com mais de 30 profissionais da comunicação, vindos de todas as regiões do país. Fomos preparados para atuar com mais segurança e eficácia em ambientes hostis, tanto no Brasil quanto no exterior.
Durante o curso, participamos de palestras e aulas práticas, desenvolvidas em diversos locais, como unidades militares especializadas do Exército, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar. O treinamento foi intensivo e com foco em atividades práticas fundamentais para a atuação segura em zonas de conflito. As instruções abordaram temas como combate a incêndios, procedimentos em áreas com suspeita de minas e progressão tática em ambientes de risco.
Coronel Curso ganha destaque nacional
À frente da coordenação do EPJAIAC, o Coronel Amilton Fernando Barbosa Moleta tem desempenhado um papel central na consolidação do curso como referência nacional em capacitação para cobertura em ambientes hostis. Com formação militar e ampla experiência em operações no Brasil e no exterior, o Coronel Moleta contribui ativamente para a integração entre as áreas de Defesa e Comunicação. Ele adota uma abordagem realista, prática e alinhada à complexidade dos cenários enfrentados por profissionais de imprensa em zonas de conflito.
Sob sua liderança, o estágio passou a incorporar elementos específicos da realidade nacional, adaptando técnicas e procedimentos às particularidades do contexto brasileiro. Mais do que transmitir conhecimento técnico, o Coronel Moleta tem buscado conscientizar os participantes sobre os riscos envolvidos, reforçando a importância do planejamento, da análise de risco e da tomada de decisão sob pressão.
De acordo com ele, o curso foi adaptado à realidade brasileira com o objetivo de “capacitar os profissionais de imprensa para atuar em áreas ou ambientes hostis”, garantindo melhores condições para o exercício da profissão em contextos adversos.
“Essa turma se mostrou diferente das outras, pela coesão e comprometimento. Eu já tenho alguns anos de experiência na coordenação desse curso e, realmente, a cada ano que passa, a gente vem melhorando o nível dos profissionais que frequentam o CCOPAB”, completou.
Planejamento e tomada de decisão
Com sólida formação na Academia da Força Aérea e ampla experiência operacional, o Capitão Mayron atuou diretamente na Intervenção Federal no Rio de Janeiro, entre os anos de 2017 e 2018. Sua trajetória profissional reúne conhecimentos técnicos e práticos fundamentais para a compreensão dos desafios da atuação em ambientes hostis.
Durante o curso, o Capitão Mayron, subcoordenador do EPJAIAC, compartilhou orientações essenciais para o planejamento e a condução de coberturas jornalísticas em áreas de conflito, com destaque para análise de risco, protocolos de segurança e integração com forças militares.
“O objetivo desta instrução é fornecer informações práticas para que vocês possam planejar e executar uma cobertura jornalística em áreas de risco com o máximo de segurança. Antes de qualquer cobertura em ambiente hostil, é fundamental realizar uma análise de risco completa. Um exemplo claro disso foi a cobertura de protestos em Brasília, onde a falta de preparação adequada poderia ter colocado equipes em perigo real”, ponderou.
Vivência real: quando a teoria encontra o campo
A experiência prática foi o ponto alto do treinamento, evidenciando o valor da capacitação oferecida durante o estágio. As simulações em ambientes de risco proporcionaram aos participantes uma vivência próxima da realidade enfrentada em zonas de conflito, destacando a importância do preparo técnico e psicológico para situações extremas.
Lucas Guaraldo e o uso de EPI
O jornalista Lucas Guaraldo, 27 anos, natural de Brasília (DF) e atuante em organizações não governamentais, destacou a importância das simulações práticas, especialmente aquela voltada aos efeitos do gás lacrimogêneo.
“Participamos de uma instrução voltada para o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), incluindo máscara de gás e traje de proteção. Foi uma oportunidade para nos familiarizarmos com os efeitos do gás lacrimogêneo em ambiente confinado e entender como o corpo reage à inalação dessa substância. Foi uma experiência muito valiosa — interessante perceber a real dimensão do impacto desse tipo de agente químico, frequentemente utilizado como dispersor de multidões.”
Ana Laura Mendes e a experiência transformadora
Ana Laura Mendes, 24 anos, jornalista e produtora freelancer de Uberlândia (MG), compartilhou sua experiência marcante durante o EPJAIAC 2025:
“Participar do EPJAIAC 2025 foi uma das experiências mais intensas e desafiadoras da minha vida. Jamais imaginei vivenciar algo parecido — foi transformador estar ali, colocando tudo em prática. Tive a oportunidade de conhecer de perto a disciplina e a determinação do Exército Brasileiro e das demais forças envolvidas, entender os treinamentos e, mais do que isso, senti-los na pele”.
Giovana Cruz e os ensinamentos para a vida
Giovana Cruz, 25 anos, jornalista e fotógrafa da Polícia Científica do Estado de Goiás, também participou da edição de 2025 do EPJAIAC e compartilhou como a vivência no estágio impactou profundamente sua trajetória profissional e pessoal.
“Os ensinamentos que tive podem ser aplicados não somente em cenários de guerra, mas na vida. Aprender com as Forças Armadas é entender sobre garra, determinação, disciplina, união e superação. Conviver cinco dias com pessoas diferentes — seja culturalmente ou educacionalmente — é um desafio, mas também um aprendizado enorme. Afinal, é em cenários desafiadores que amadurecemos e crescemos.”
Ao final do curso, cada jornalista recebeu um certificado de participação garantindo aptidão para trabalhar em eventuais coberturas nos locais de conflito.
🎯 CCOPAB – Cursos e Estágios para Operações de Paz
O Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB) oferece formação de excelência reconhecida internacionalmente para civis e militares atuarem em missões da ONU e outras operações humanitárias.
🧭 CURSOS E ESTÁGIOS OFERECIDOS
🌍 Operações de Paz (ONU)
- EPMP – Estágio de Preparação para Missão de Paz
- ECCOP – Estágio de Capacitação de Civis para Operações de Paz
- CIMIC – Estágio de Coordenação Civil-Militar
- IPUNAER – Instrução Preparatória de Unidades Aéreas
- EPTIMP – Estágio p/ Tropa de Infantaria da Aeronáutica
- EBOP e EAOP – Exercícios Básico e Avançado de Op. de Paz
- UNPCRS – United Nations Peacekeeping Capability Readiness System
- NIO – National Investigator Officer
- EPESFOP – Estágio Especial do Segmento Feminino
- HILT – Estágio de Idioma de Alta Intensidade
- STAFF – Estágio de Oficiais e Assistentes de Estado-Maior
- UN POC – Estágio de Proteção de Civis
- ELROP – Estágio de Logística e Reembolso
💣 Outros Estágios Técnicos
- EACM – Ação Contra Minas
- PSEAH – Prevenção de Exploração, Abuso e Assédio Sexual
- DDR – Desarmamento, Desmobilização e Reintegração
✍️ Seleção para o Curso EPJAIC
- Criado pela Portaria EME nº 236 (16/11/2020)
- Voltado a: jornalistas, assessores de imprensa e civis ligados ao jornalismo
- Indicação: Comandos Militares de Área
- Seleção final: Centro de Comunicação Social do Exército (CComSEx)
🌎 Reconhecimento e Liderança
Em 2023, o CCOPAB liderou a Associação Latino-Americana de Centros de Treinamento para Operações de Paz, consolidando sua influência regional.
🤝 Órgãos Apoiadores
- CBMERJ – Corpo de Bombeiros Militar do RJ
- EsIE – Escola de Instrução Especializada
- Brigada Paraquedista – Inclui:
- Batalhão de Dobragem e Suprimento
- Centro de Instrução Paraquedista Gen. Penha Brasil
- Batalhão de Precursores
- PMERJ – Polícia Militar do RJ
- Comando de Aviação do Exército
- 9ª Brigada de Infantaria Mecanizada (Blindados)