DANOS MORAIS

“Tá escurecendo a loja”: Justiça condena Drogasil por racismo no 1º dia de trabalho

Justiça condena Raia Drogasil a indenizar funcionária alvo de racismo em vídeo gravado no 1º dia de trabalho

Justiça condena Raia Drogasil a indenizar funcionária alvo de racismo em vídeo gravado no 1º dia de trabalho
Justiça condena Raia Drogasil a indenizar funcionária alvo de racismo em vídeo gravado no 1º dia de trabalho

A Justiça do Trabalho condenou a Raia Drogasil a indenizar por danos morais a ex-funcionária Noemi Ferrari, que sofreu ofensas racistas no primeiro dia de trabalho, em 2018, numa farmácia de São Caetano do Sul (Grande São Paulo). A indenização foi fixada em R$ 56 mil.

No vídeo gravado por uma colega de cargo superior, supostamente para apresentá-la, a agressora profere insultos: “Tá escurecendo a nossa loja?”, “Acabou a cota, tá? Negrinho não entra mais.”

Também há sarcasmo nas tarefas atribuídas: limpar chão, recolher lixo, ficar no caixa — todas descritas de forma depreciativa.

Racismo e Decisão Judicial

A juíza Rosa Fatorelli, em primeira instância, considerou suficientes o vídeo e a confissão da acusada para reconhecer o racismo, rejeitando a tese de “brincadeira” usada pela defesa. Ela afirmou que o caso exige ponderação diante de conceitos como racismo estrutural e “recreativo”, ambos incompatíveis com os direitos humanos.

Também foi constatado que Noemi trabalhava voos além dos registrados formalmente, o que agravou a responsabilidade da empresa.

Vídeos evidenciam constrangimento e humilhação

No Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, juízes mantiveram que o vídeo e depoimentos evidenciam constrangimento, humilhação e assédio. Mais uma vez rejeitaram a justificativa de “brincadeira”, enfatizando que o “racismo recreativo” é tão lesivo quanto outros tipos de discriminação, sobretudo quando praticado por superiores.

Noemi relatou que ficou “anestesiada” no momento, com o impacto emocional agravado pela recente perda do pai adotivo. Seguiu na empresa acreditando que poderia contribuir para mudança, sendo promovida em 2020.

Em 2022, no entanto, acusações de agressão verbal e ameaça de agressão física por um supervisor levaram ao pedido para ser transferida ou desligada — ela foi demitida em fevereiro.