SEGUE EM CANA

Justiça rejeita pedido de habeas corpus para Oruam

Julgamento do pedido de liberdade do rapper foi relatado pela desembargadora Marcia Perrini Bodart, que já havia negado habeas corpus no dia 7 de agosto.

A juíza Tula Correa de Melo, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, aceitou denúncia oferecida pelo Ministério Público nesta terça-feira (29).
Oruam. Foto: Divulgação

A 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro rejeitou nesta quinta-feira (11) o pedido de habeas corpus ao rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, o Oruam, 25, preso há 50 dias após briga com policiais civis durante abordagem em casa, no bairro do Joá, zona sudoeste da cidade.

O julgamento do pedido de liberdade do rapper foi relatado pela desembargadora Marcia Perrini Bodart, que já havia negado habeas corpus no dia 7 de agosto.

Oruam se entregou à polícia no dia 22 de julho, após ter mandado de prisão preventiva (sem prazo) expedido. Na noite anterior, esteve envolvido em incidente com policiais civis durante abordagem em casa. A polícia fora ao endereço cumprir um mandado de busca e apreensão contra um adolescente que estava na casa do cantor. O jovem, menor de 18 anos, estaria descumprindo uma medida sócio educativa.

Policiais afirmaram que Oruam apareceu na varanda e inflamou reação contra os agentes, jogando pedras contra eles. O rapper é acusado de tentativa de homicídio qualificado praticado contra o delegado Moyses Santana Gomes e o oficial Alexandre Alves Ferraz, da Polícia Civil.

A defesa, representada pelo advogado Fernando Henrique Cardoso Neves, afirmou em nota que “a justiça será entregue neste caso com o restabelecimento da liberdade de Mauro, assim como a responsabilização penal, civil e administrativa daqueles que fabricaram esse processo e estão desde o início induzindo a erro e desinformando”.

“A defesa tem certeza que o papel do Poder Judiciário é o controle da legalidade. As decisões que negaram a liberdade de Mauro, não”, afirmou o advogado.

Desembargadores mantêm prisão de Oruam

Desembargadores votaram pela manutenção da prisão sob argumento de “resguardar a paz e a tranquilidade social”. Um dos desembargadores pediu o envio à Promotoria de um vídeo que demonstra suposto abuso de autoridade do delegado Moyses Santana, mas o pedido foi negado por relatora e presidente. A Folha de S.Paulo publicou nesta quinta vídeo que mostra Moyses agredindo um dos jovens que estavam presentes na noite de 21 de julho.

A defesa enumera ainda perícias inconclusivas em relação a uma suposta arma de fogo atribuída pela polícia ao cantor, a abertura do inquérito fora da jurisdição, a acusação sem nenhuma comprovação de tráfico de drogas nem de associação ao tráfico e contradições sobre a letalidade das pedras arremessadas contra os agentes policiais.

Polícia Civil se manifesta sobre o caso

A Polícia Civil afirma que o vídeo divulgado pela defesa é um recorte que omite o contexto real. “Quando o delegado se dirigiu a um dos presentes, a equipe já tinha sido atacada com pedras, contra a viatura e contra os policiais, inclusive com um agente atingido. O delegado conteve um dos envolvidos que retirava uma pedra para lançar. Essa reação ocorreu após a violência contra a polícia, e não antes, como tenta fazer parecer a defesa. O material foi claramente manipulado para proteger os agressores e inverter a narrativa”, diz o órgão.

Ainda segundo a Polícia, a abordagem estava em curso de forma técnica e dentro da legalidade. “Quatro indivíduos eram revistados, com um já detido, quando outro passou a desacatar e reagir de forma violenta. Nesse momento, o delegado interveio com técnicas de contenção previstas em treinamento policial”, diz.